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França/Ataque

Ataque a mesquita na França revela “clima de ódio” no país

Os jornais franceses desta quarta-feira (30) analisam as consequências do ataque contra uma mesquita que deixou dois feridos graves no sudoeste do país. O caso revela o clima de ódio na França, destaca Libération.

Capa do jornal francês Libération desta quarta-feira 30 de outubro de 2019.
Capa do jornal francês Libération desta quarta-feira 30 de outubro de 2019. DR
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O suspeito do ataque, um homem de 84 anos, era conhecido por suas declarações xenófobas e violência. Na segunda-feira (28), Claude Sinké colocou fogo na porta da mesquita de Bayonne, no sudoeste do país, antes de atirar contra dois fiéis muçulmanos que estavam do lado de fora do edifício.

Detido, o idoso reconheceu na terça-feira (29) o incêndio mas negou a intenção de matar alguém. Ele está sendo investigado por tentativa de homicídio e um exame psiquiátrico foi ordenado pela Justiça, informam os jornais de hoje.

Crime comum ou atentado de extrema direita?

“Este é um crime comum, cometido por um aposentado racista, ou um atentado terrorista da extrema direita?”, pergunta Libération. A polícia antiterrorista não foi acionada para tratar do caso e o ataque revela o “clima de ódio” no país. Em seu editorial, o jornal progressista afirma “que desta vez a teoria complotista quase matou”.

Para justificar seu gesto, o idoso disse que queria vingar o incêndio da Notre Dame de Paris explica Le Parisien. Desde a tragédia que destruiu parcialmente a catedral parisiense, circula nas redes sociais a tese que atribui aos muçulmanos o incêndio. O diário diz que os muçulmanos de Bayonne estão chocados e que a população da cidade busca respostas para o gesto.

O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Kader Bouazza, citado pelo Le Parisien, pensa que o ataque é resultado do clima nacional atual. “Há muito tempo, os muçulmanos são estigmatizados na França por qualquer pretexto”, declara Bouazza. Um novo limite de intolerância foi atingido no país e os debates sobre o Islã são cada dia mais violentos, salientam os líderes da comunidade muçulmana, segundo Le Parisien.

Nova polêmica sobre o véu islâmico

Revelador, o ataque acontece neste momento em que o uso do véu islâmico volta a criar polêmica no país. Na terça-feira, o Senado francês proibiu o uso do véu por acompanhantes de passeios escolares. A decisão da casa, dominada pela direita conservadora, proíbe, em nome da laicidade, o uso de qualquer símbolo religioso por pais ou outros acompanhantes de alunos durante as atividades extraescolares.

Le Figaro informa que o Conselho Francês do Culto Muçulmano foi pressionado pelo presidente Emmanuel Macron “a se engajar no combate contra o comunitarismo e a radicalização”, na origem de vários atentados na França. Mas diante da atual polêmica, a instituição defende o uso do véu, alegando que ele é uma prescrição religiosa. O CFCM diz que é necessário fazer a distinção entre radicalização e prática da fé.

“Isso significa que o presidente francês, que pede um discurso claro e sem ambiguidade para não alimentar a ação dos fiéis mais radicais, não pode contar com o CFCM”, dividido por rivalidades internas, escreve o jornal conservador em seu editorial. Sobre este tema, “Macron não tem solução”, conclui Le Figaro.

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