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Brasil-Mundo

Revista suíça destaca riqueza arquitetônica do Brasil em "ano complexo e dramático" no país

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Publicação AS-Architecture Suisse traz um especial sobre o Brasil, apresentando projetos recentes de arquitetos do país.

Um dos projetos brasileiros destacados na revista é o "Moradias Infantis", de Rosenbaum + Aleph Zero, em Formoso do Araguaia, no estado do Tocantins.
Um dos projetos brasileiros destacados na revista é o "Moradias Infantis", de Rosenbaum + Aleph Zero, em Formoso do Araguaia, no estado do Tocantins. © Divulgação/Cristóbal Palma
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Valéria Maniero, correspondente da RFI em Lausanne

No novo número da revista AS-Architecture Suisse, publicação criada em 1972 na Suíça, que também tem leitores na Alemanha, França e Itália, só dá o Brasil. A última edição traz um especial sobre o país, com destaque para projetos recentes de escritórios brasileiros e outros em parceria com profissionais suíços. Além disso, a revista apresenta um projeto da década de 1970 de Oscar Niemeyer e informações sobre fotógrafos e artistas do Brasil. Tem também um editorial escrito por Nivaldo Andrade, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, e uma nota de redação que lembra os 60 anos da construção de Brasília, “neste ano complexo e particularmente dramático para o povo brasileiro”.

“O Brasil é um país fantástico por sua diversidade, de uma riqueza arquitetônica fascinante e estamos muito felizes em fazer você viajar para lá com esse número. Esperando sinceramente que este país possa, graças à sua tradição, oferecer no futuro a todo o seu povo a qualidade arquitetônica de que é capaz e que oferecemos aqui alguns exemplos do passado e do presente", diz a nota de redação da revista, que publica textos em francês e alemão e é mantida por meio de assinaturas.

O ítalo-suíço Frederic Krafft-Gloria é diretor-editor da revista AS, que foi criada em 1972 pelo pai dele, Anthony Krafft.
O ítalo-suíço Frederic Krafft-Gloria é diretor-editor da revista AS, que foi criada em 1972 pelo pai dele, Anthony Krafft. © Divulgação

A RFI conversou com Frederico Krafft-Gloria, atual diretor/editor da AS, criada há quase 50 anos pelo pai dele, Anthony Krafft. Frederico é ítalo-suíço e um daqueles apaixonados pelo Brasil: ele viaja com frequência ao Ceará para praticar kitesurf nas praias do estado.

“A ideia principal da revista é ser uma enciclopédia da produção arquitetônica suíça. Mas agora eu pensei em criar essa série chamada 'Diário' e comecei com o Brasil. Depois, serão Itália, Índia e Argentina.Como um “diário de viagem” de arquitetura em vários países”, explica.

Isso significa, portanto, que o Brasil inaugura uma nova seção da publicação - direcionada a profissionais da área - que “funciona como uma espécie de catálogo da arquitetura”, como diz a arquiteta brasileira Olivia de Oliveira, que tem um escritório na Suíça, onde mora desde 1998.  

A AS tem uma “cara” diferente das outras publicações: cada página, com quatro furinhos, pode ser retirada e guardada como um arquivo pessoal.  

“É uma revista extremamente séria, de muita qualidade. Você pode selecionar e colecionar os projetos que te interessam mais e ter aqueles de que mais gosta”, explica Olivia.

Para a cônsul-geral do Brasil em Genebra, Susan Kleebank, “é o reconhecimento pela Suíça dos projetos brasileiros na área da arquitetura”.

O que há sobre o Brasil na revista

Frederico disse à RFI que a ideia desta edição era falar do Brasil e das parcerias entre o país e a Suíça nessa área. “No total, são nove projetos: seis deles são 100% brasileiros e três são colaborações entre os dois países”, conta ele.

Capa da revista AS - Architecture Suisse, que traz um especial sobre o Brasil
Capa da revista AS - Architecture Suisse, que traz um especial sobre o Brasil © Capa de Marta Vilarinho de Freitas

Além disso, a revista traz informações sobre alguns profissionais brasileiros: dois fotógrafos (Leonardo Finotti e Nelson Kon), uma artista (Lucia Koch) e uma designer (Maria Fernanda Paes de Barros). Um grande nome da arquitetura mundial também está lá.

“Tem um projeto que o Oscar Niemeyer fez em 1976 na Itália. Não é um daqueles super conhecidos dele, mas mostra seu tipo de arquitetura”, diz Frederico.

Entre os projetos “puro-sangue”, ou seja, totalmente brasileiros, estão “Infopoint” (Parque Ponte Negra, em Manaus), “Capela Joá” (Rio de Janeiro – RJ), “Cubito” (protótipo de arquitetura modular), “Moradias Infantis” (Formoso do Araguaia, Tocantins), “Instituto Moreira Salles” (São Paulo, SP) e “Hostel Villa 25” (Rio de Janeiro – RJ).

Segundo Frederico, são seis projetos de qualidade de arquitetura contemporânea desenvolvidos por arquitetos jovens (entre 29 e 45 anos). A seleção foi feita com a colaboração de Nivaldo Andrade, do Instituto de Arquitetos do Brasil.

Uma arquiteta brasileira premiada na Suíça

Entre os projetos feitos em parcerias entre a Suíça e o Brasil está o da arquiteta brasileira Olivia de Oliveira, sócia-fundadora do escritório Butikofer de Oliveira Vernay, de Lausanne, que já ganhou vários prêmios na área. Trata-se do projeto “Sala de Concerto e Escola de Música Neojiba - projeto social que abre as portas para a música clássica a jovens carentes em Salvador, feito com Sergio Ekerman da SKE Arquitetura. Os outros dois projetos publicados são “Arena do Morro” (Herzog & de Meuron e Plantae), em Natal, e a "Casa Pico” (Baserga Mozzetti e Angelo Bucci), em Lugano, na Suíça.

“A gente fez este projeto em Salvador que era a requalificação de uma antiga usina hidrelétrica. O edifício estava abandonado, sem uso. E a ideia era fazer uma sala de concerto e escola de música nesse lugar”, conta Olivia, que está desde 1998 na Suíça.

Sala de concerto e escola de música Neojiba, em Salvador - projeto desenvolvido pelos escritórios Butikofer de Oliveira Vernay (Suíça) e SKE Arquitetura (Brasil).
Sala de concerto e escola de música Neojiba, em Salvador - projeto desenvolvido pelos escritórios Butikofer de Oliveira Vernay (Suíça) e SKE Arquitetura (Brasil). Butikofer de Oliveira Vernay | 2 - Leonardo Finotti

O editor da AS procurou a arquiteta para publicar o projeto dela na revista, perguntando também sobre outros de arquitetos brasileiros. Uma sugestão aqui, outra ali, e a edição acabou virando um número especial sobre o Brasil.

“Esse projeto nosso está publicado junto a diversos outros brasileiros. Tem essa ideia da ponte que foi construída entre a Suíça e o Brasil, e eu estou orgulhosa de ter colaborado com ela. Gosto muito disso, porque me aproxima mais do meu país, me sinto menos distante”, afirma Olivia, que quando morava no Brasil tinha um escritório com Serge Butikofer e trabalhava como professora universitária.

Depois de ser formar na Universidade Federal da Bahia, Olivia estudou na Itália e Espanha, onde fez doutorado. Fixou residência na Suíça, o país de Butikofer, seu esposo e sócio.

“Começamos a trabalhar aqui, montamos escritório, ganhamos depois alguns concursos. E o escritório foi crescendo. Construímos moradias, escolas, bibliotecas”, conta ela, que trabalha, atualmente, para a cidade de Lausanne, para o cantão de Fribourg e para a Confederação Suíça.

Mas por que o Brasil?

Para o editor da revista, o Brasil foi escolhido “porque é um país maravilhoso, que tem uma produção arquitetônica impressionante e de qualidade”. Segundo ele, a ideia é apresentar seis projetos da arquitetura do Brasil de maneira neutra e simples.

“A revista diz: a produção é essa, muito interessante, mas é o leitor que vai tirar a sua conclusão”, afirma Frederico, que gosta da harmonia entre a natureza e a arquitetura presente nos projetos brasileiros.

O editor conta que costuma ir ao Brasil de vez em quando: “Já fui algumas vezes ao Ceará. Viajei também para a Bahia e espero conhecer Rio, São Paulo e Brasília em julho do ano que vem”. Segundo ele, “o Brasil pode construir bem e construir para todos, porque o povo brasileiro merece”. 

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