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Deputados britânicos abrem CPI para apurar se Boris Johnson mentiu sobre "partygate"

Os deputados britânicos aprovaram nesta quinta-feira (21), por consenso, a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar se o primeiro-ministro conservador Boris Johnson mentiu para a Câmara, no âmbito do "partygate", o escândalo sobre as várias festas organizadas em Downing Street durante o pior período da pandemia. A decisão coloca o premiê em uma situação política ainda mais delicada.

Boris Johnson realiza visita oficial à Índia no dia em que o Parlamento britânico aprovou a abertura de uma CPI contra ele. (21/04/2022)
Boris Johnson realiza visita oficial à Índia no dia em que o Parlamento britânico aprovou a abertura de uma CPI contra ele. (21/04/2022) AP - Stefan Rousseau
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Muitos deputados da maioria conservadora estavam ausentes na apreciação da matéria na Câmara dos Comuns, nesta tarde. Os legisladores aprovaram, sem necessidade de votação, uma moção apresentada pela oposição para a abertura da investigação.

Os deputados querem saber se Johnson induziu conscientemente o Parlamento a interpretar de maneira equivocada as festas realizadas na sede do governo britânico, apesar das restrições em curso para controlar a disseminação da pandemia de Covid-19. Em um primeiro momento, o líder negou que suas equipes e ele próprio tivessem violado as medidas sanitárias em vigor.

A polícia, entretanto, aplicou uma multa ao premiê por desrespeito às regras impostas pelo governo. O caso coloca o primeiro-ministro sob pressão desde o início do ano – alguns deputados do seu Partido Conservador pedem a demissão de Johnson, que nesta quinta-feira estava em viagem oficial à Índia no momento da apreciação da moção em Londres.

Conservadores pedem demissão 

Em um debate que precedeu a apreciação, o deputado conservador Steve Baker, uma das figuras da campanha a favor do Brexit, declarou que Johnson deveria pedir demissão.  “Ele deveria ter partido há muito tempo”, afirmou Baker, alegando que “o show acabou” para o premiê.

O deputado conservador William Wragg, crítico do líder do seu partido, também voltou a pedir a renúncia de Boris Johnson. "Não consigo aceitar o fato de que o primeiro-ministro continue a liderar nosso país", disse ele. "O partido carrega as cicatrizes dos erros de julgamento de sua liderança (…). É bastante desanimador ter que defender o indefensável”, comentou.

“O primeiro-ministro foi acusado de ter induzido a Câmara ao erro de maneira repetida, deliberada e rotineira, sobre as festas organizadas em Downing Street durante o lockdown”, frisou, por sua vez, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer. “É uma acusação séria e grave, e equivale a desprezar o Parlamento”, complementou.

Johnson pede desculpas 

Na terça-feira, Johnson pediu desculpas aos deputados, a quem ele afirmou não ter enganado com plena consciência. O governo tentou atrasar ao máximo o voto dos deputados, até que a polícia finalizasse as investigações – que ainda podem resultar em novas multas ao premiê.

Mas conservadores demonstraram constrangimento com a ideia de ter que se opor a uma apuração minuciosa das ações de Boris Johnson, que abalaram a confiança dos britânicos no governo. O porta-voz de Boris Johnson afirmou que os conservadores foram informados de que poderiam votar como quisessem ou não participar da votação.

Enganar deliberadamente o Parlamento constitui uma violação do código ministerial e, por convenção, espera-se que os ministros acusados disso renunciem. Para forçar Boris Johnson a deixar o cargo, 54 dos 360 conservadores eleitos devem enviar uma carta de desconfiança ao presidente da "Comissão de 1922", um grupo parlamentar dos Tories na Câmara dos Comuns.

(Com informações da Reuters)

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