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Separatistas russos anunciam referendos de anexação à Rússia de Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson

Um referendo de anexação de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, à Rússia, será realizado entre 23 e 27 de setembro, de acordo com anúncio feito nesta terça-feira (20) pela administração da ocupação russa que controla uma parte deste território ucraniano. O anúncio ocorre pouco após as forças russas em Lugansk, Donetsk e Kherson terem anunciado plebiscitos semelhantes nas mesmas datas.  

Veículo queimado em Donetsk, zona controlada por forças separatistas apoiadas pela Rússia, no leste da Ucrânia, em 17 de setembro de 2022.
Veículo queimado em Donetsk, zona controlada por forças separatistas apoiadas pela Rússia, no leste da Ucrânia, em 17 de setembro de 2022. AP - Alexei Alexandrov
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“Hoje, eu assinei uma ordem sobre a realização do referendo para a adesão territorial” de Zaporíjia, anunciou no Telegram o chefe da administração da ocupação russa, Evgueni Balitski. Horas antes, os separatistas das regiões de Lugansk, Donetsk e Kherson fizeram o mesmo anúncio. Os referendos acontecerão enquanto a Ucrânia entra no oitavo mês de guerra. As zonas onde acontecerá a votação ainda estão sob bombardeios e são palco de combates.

Os referendos, nos moldes do que formalizou a anexação da península da Crimeia (no sul do país) pela Rússia em 2014 – denunciada pela comunidade internacional – estão sendo preparados há meses.

Calendário acelerado

O calendário teria sido acelerado pela contraofensiva ucraniana que obrigou o Exército russo a se retirar do nordeste do país.

O Partido russo unido, do presidente Vladimir Putin, queria realizar o pleito em 4 de novembro, dia da Unidade Nacional russa, que comemora uma revolta popular do século 17 contra as forças polonesas em Moscou. Mas nesta terça-feira, o ex-presidente russo e atual membro do Conselho de Segurança Russo pediu eleições para anexar Lugansk e Donetsk o mais rápido possível.

Os referendos no Donbass “são de grande importância (...) para o restabelecimento da justiça histórica”, declarou Dmitri Medvedev no Telegram. Moscou considera a Ucrânia historicamente como parte do território russo. “Interferir no território da Rússia é um crime e se é cometido, isso permite que você utilize todas as forças de legítima defesa”, acrescentou

O chefe do “Parlamento” autoproclamado de Lugansk, Denis Mirochnitchenko, anunciou então que a votação seria realizada a partir de sexta-feira (23). Pouco depois, a agência de notícias oficial de Donetsk informou um calendário idêntico, seguida pelo chefe da administração da ocupação de Kherson, Vladimir Saldo.

A Ucrânia preveniu, nesta terça-feira, que a ameaça russa seria “liquidada”. O chefe da administração presidencial ucraniana, Andrei Iermak, denunciou que os referendos eram uma “chantagem” russa motivada por “medo da derrota”.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, garantiu que a Ucrânia iria “continuar a liberar suas terras independentemente do que diga a Rússia”.

Ameaça russa

Para a analista russa independente Tatiana Stanovaia, a realização dos referendos é uma ameaça clara de Putin à Ucrânia e ao Ocidente.

“Putin está pronto para realizar, sem perder tempo, referendos para ter o direito de utilizar uma arma atômica para defender o território russo”, declara no Telegram a especialista que dirige o centro de análise R.Politik.

Os regimes separatistas de Donetsk e Lugansk foram instituídos com a ajuda do Kremlin, em 2014. Putin reconheceu a independência destes territórios em fevereiro e usou como argumento para a invasão da Ucrânia, que aconteceu logo após, a proteção da população russa na região.

Paralelamente, a câmara baixa do Parlamento russo, a Duma, votou uma lei que endurece as penas de prisão para soldados russos que se rendam ao inimigo, desertem ou cometam roubos.

Putin prometeu nesta terça-feira, horas antes da abertura da Assembleia Geral da ONU, continuar com sua política externa “soberana” e denunciou a obsessão de “hegemonia” americana.

(Com informações da AFP)

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