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Alemanha boicota proibição de venda de carros a gasolina na UE a partir de 2035 e preocupa montadoras

A União Europeia deveria ter ratificado, nessa terça-feira (7), a proibição da venda de carros com motores a combustão, movidos por combustíveis fósseis como gasolina e diesel, a partir de 2035. Mas a Alemanha decidiu se abster no momento de votar o texto. O país defende o uso de biocombustíveis e gera preocupações nas montadoras europeias que investiram milhões em carros elétricos. 

Empregados da montadora Porsche instalam um para-brisa em um modelo 911 na fábrica da marca em Stuttgart, Alemanha, em fevereiro de 2019.
Empregados da montadora Porsche instalam um para-brisa em um modelo 911 na fábrica da marca em Stuttgart, Alemanha, em fevereiro de 2019. REUTERS - Ralph Orlowski
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O berço da Volkswagen, Mercedes, BMW e Audi, decidiu não apoiar o fim dos motores a combustão — também conhecidos popularmente como de explosão — na Europa. 

Havia um acordo para que o Parlamento Europeu votasse pela proibição a partir de 2035 da venda de veículos novos, à gasolina ou a diesel. Mas no último minuto, o governo alemão desistiu. 

"Você precisa dar liberdade de escolha de tecnologia. A decisão sobre os motores é uma questão para os clientes, para os fabricantes e não para os políticos", alegou Christian Lindner, Ministro das Finanças da Alemanha.

Os embaixadores do bloco, em Bruxelas, "decidiram adiar a decisão (...) para uma reunião posterior", anunciou um porta-voz da representação da Suécia, país que exerce a presidência rotativa do Conselho da UE. Os embaixadores "voltarão a este assunto oportunamente", acrescentou.

Outros países como Itália, Polônia e Bulgária haviam anunciado sua oposição ao texto, mas não tinham como sozinhos bloquear o texto. Mas Berlim mudou de ideia e indicou nos últimos dias sua intenção de barrar o projeto. 

Sem a Alemanha, o projeto não tem mais a maioria qualificada dos 27 países-membros exigida (voto favorável de pelo menos 55% dos Estados que representam pelo menos 65% da população da UE).

Motores elétricos

O texto do Parlamento Europeu pretendia que a partir de 2035 todos os novos veículos vendidos no bloco não emitam CO2. Para isso, o proposta era investir exclusivamente em motores elétricos. Mas algumas montadoras trabalham com soluções alternativas que permitiriam continuar a produzir veículos com motores de combustão, sem contribuir para o aumento das emissões de gases do efeito estufa. Uma das soluções apresentadas são os combustíveis sintéticos, também chamados de "e-fuel". 

Eles são obtidos sem petróleo, por meio de um processo químico, a partir de matérias-primas contendo carbono e hidrogênio.

O processo não é novo. Alguns países já foram forçados a produzí-lo por falta de petróleo. Foi o caso da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial ou da África do Sul nas décadas de 1950 e 1960, que na época estava sujeita a sanções internacionais anti-apartheid. 

O combustível sintético, nessa época, foi obtido do carvão, com uma pegada de carbono desastrosa. O desafio atual é conseguir desenvolvê-lo de maneira mais limpa.

Porsche x Renault 

As marcas alemãs de automóveis apostam por esta nova tecnologia. Em setembro passado, a Porsche anunciou o início da construção da primeira fábrica do mundo dedicada à produção de um combustível sintético quase neutro em CO2, no Chile, em parceria com a Siemens Energy, a empresa chilena Highly Innovative Fuels (HIF), petrolífera ExxonMobil e especialista italiana em energia Enel.

As montadoras europeias, principalmente as francesas, que investiram milhões de euros no desenvolvimento de tecnologias elétricas veem com preocupação a movimentação alemã. 

O grupo Renault, com sua divisão de Eletricidade em Hauts-de-France, nas proximidades de Paris, pretende produzir 500.000 carros elétricos até 2025. Se o prazo de 2035 for efetivamente adiado, a marca francesa poderia ter dificuldades de vender seus veículos, mais caros que os com motor a combustão. 

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