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Scotland Yard é racista, misógina e homofóbica, afirma relatório sobre polícia londrina

A polícia de Londres é "institucionalmente" racista, misógina e homofóbica, denuncia um novo relatório publicado nesta terça-feira (21) sobre a outrora prestigiada Scotland Yard. O documento pede uma "reforma total" da instituição, em crise após uma série de escândalos.

Policiais em frente à sede da Scotland Yard, em Londres, em 14 de fevereiro de 2022.
Policiais em frente à sede da Scotland Yard, em Londres, em 14 de fevereiro de 2022. AFP - TOLGA AKMEN
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"Temos que limpar" a polícia de Londres. "É hora de uma mudança radical", declarou à BBC Louise Casey, autora do relatório de 363 páginas, que estampa as primeiras páginas de todos os jornais britânicos nesta terça-feira. É uma força policial "quebrada e podre", afirmou o jornal Daily Mail. A Scotland Yard "perdeu a confiança da opinião pública", escreveu o The Daily Telegraph.

"A polícia precisa restaurar a confiança nos seus serviços (...). Tem de haver uma mudança de cultura e liderança", reagiu o primeiro-ministro conservador Rishi Sunak.

O relatório foi encomendado após a morte de Sarah Everard, uma londrina de 33 anos que foi estuprada e assassinada por um policial, Wayne Couzens, que a prendeu com falsas alegações em 2021. Em fevereiro deste ano, o ex-policial David Carrick foi condenado por dezenas de estupros. Os casos chocaram a comunidade britânica. 

A Polícia Metropolitana de Londres - a maior força policial do país, com mais de 43 mil policiais e outros funcionários - está envolvida em uma série de escândalos há anos, que a mergulharam em uma grave crise de confiança.

Na opinião de Casey, a violência contra mulheres e meninas "não tem sido levada a sério em termos de recursos e prioridades".

Provas invalidadas

A longa investigação descreve como as evidências em casos de estupro, como amostras de urina e sangue, não foram usadas porque foram armazenadas em frigoríficos lotados - às vezes defeituosos.

Além disso, "apesar da presença de alguns oficiais superiores experientes, são os funcionários inexperientes e sobrecarregados que lidam com a proteção de menores, estupros e crimes sexuais graves", ela denuncia.

Por outro lado, "pessoas negras são supervigiadas e subprotegidas", observa Casey.

Ela também aponta que as mulheres na polícia são "vítimas de sexismo diariamente", e que a "homofobia profunda" reina na "Met", como é chamada a força policial londrina.

Casey pede uma "mudança fundamental". "Este relatório é o primeiro a trazer à tona todas as injustiças cometidas contra londrinos, londrinos negros, mulheres e seus próprios agentes", ela destaca.

Mas sua autora teme que o relatório não será acompanhado pelas "reformas profundas que são necessárias". Ela descreve uma organização "que mostra pouca humildade", relutante em "admitir que há problemas".

O novo documento foi divulgado quase 25 anos depois do relatório Macpherson, redigido após o assassinato do adolescente negro Stephen Lawrence. O documento concluiu, ainda em 1999, que existia um "racismo institucional" na polícia. 

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