Ucrânia: em retorno da Turquia, Zelensky repatria ex-comandantes do Azov e irrita Moscou
Quando a Ucrânia lembrava os 500 dias da invasão russa, no sábado (8), uma notícia deu novo ânimo à sua população: o retorno para casa de cinco ex-comandantes que lideraram a difícil defesa da fábrica Azovstal, durante o cerco a Mariupol, e estavam na Turquia desde uma troca de prisioneiros com Moscou. O episódio, no entanto, irritou o Kremlin.
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Stéphane Siohan, correspondente da RFI em Kiev
"Estamos voltando da Turquia e trazendo nossos heróis para casa", anunciou o presidente Volodymyr Zelensky no sábado, ao final de sua visita ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. O líder ucraniano postou uma foto com os cinco ex-comandantes do regimento Azov em um avião oficial tcheco, além de um vídeo da chegada deles à Ucrânia.
Esses oficiais foram feitos prisioneiros pelo exército russo em 20 de maio de 2022 e, desde então, estavam em prisão domiciliar na Turquia.
A notícia do repatriamento logo causou uma grande onda de comoção na Ucrânia, onde os defensores de Mariupol se tornaram verdadeiras lendas vivas, símbolo do espírito de resistência contra a invasão russa.
Додому 🇺🇦 pic.twitter.com/vDJvqjCPsC
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) July 8, 2023
Graças à mediação de Ancara no ano passado, esses cinco oficiais puderam ser transferidos para a Turquia, onde deveriam permanecer até o fim da guerra.
Nazistas
Mas, neste 500° dia simbólico do conflito e às vésperas da cúpula da Otan em Vilnius, na Lituânia, o presidente ucraniano chegou a um acordo com seu colega turco para repatriar os cinco combatentes. Uma vitória simbólica para a Ucrânia, celebrada na noite de sábado em Lviv, onde Zelensky apresentou os ex-prisioneiros à multidão.
500 днів повномасштабної війни.
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) July 8, 2023
За цей час тисячі й тисячі наших людей проявили силу, славу та сміливість українського народу в боях заради нашої держави.
Майже 50 тисяч наших людей відзначені державними нагородами.
298 українцям і українкам присвоєно найвище звання – Героя… pic.twitter.com/HMWw0yHuSE
A informação foi muito mal recebida na Rússia, uma vez que o Kremlin usa o Batalhão Azov para criar a imagem de uma Ucrânia governada pelos nazistas. E não ter sido informado do acordo alcançado entre Kiev e Ancara incomodou ainda mais Moscou.
Para o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, muitos elementos explicam esta decisão. Ele atribui o fato ao fracasso da contraofensiva ucraniana, além de uma prova da solidariedade de Ancara com os membros da Otan às vésperas da cúpula que a Aliança Atlântica realizará nos dias 11 e 12 de julho.
Peskov, no entanto, não especificou quais poderiam ser as medidas de retaliação implementadas por Moscou. Com isso, sérias preocupações pairam agora sobre a renovação do acordo sobre as exportações de grãos ucranianos pelo Mar Negro. Há semanas a Rússia afirma não ter interesse em estender o acordo, e este episódio, visto as declarações do Kremlin, não deverá aumentar a confiança de Moscou em seus parceiros.
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