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Escândalo do Museu Britânico pode ser o 'pior da história moderna'; 2 mil peças foram roubadas

"Cerca de 2 mil obras de arte foram roubadas do Museu Britânico, mas algumas já foram recuperadas", declarou no sábado (26) o presidente da prestigiada instituição cultural, o ministro conservador George Osborne, um dia após a demissão do diretor do museu.

O salão principal do Museu Britânico, em Londres.
O salão principal do Museu Britânico, em Londres. © Justin Tallis / AFP
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No cargo desde 2016, Hartwig Fischer, de 60 anos, se demitiu na sexta-feira (25) da gestão do Museu Britânico, em Londres, sob pressão desde o anúncio, em 16 de agosto, do desaparecimento de uma série de peças das coleções, algumas datadas do século 15 a.C.

Em entrevista à BBC, Osborne admitiu que não sabia exatamente quantos objetos estavam desaparecidos, mas deu “uma estimativa de cerca de 2 mil”. “Começamos a encontrar peças roubadas, o que é uma clareira na tempestade”, ele acrescentou.

Fundado em 1753, o Museu Britânico acumula uma coleção de aproximadamente 8 milhões de itens, mas em 2019 apenas uns 80 mil estavam em exibição pública, sendo o restante mantido em armazenamento.

Os objetos furtados são pequenas peças não expostas guardadas nas reservas do museu. Osborne revelou que nem todos os itens estão "devidamente catalogados e registrados", e sugeriu que "alguém com conhecimento do que não está registrado tem uma grande vantagem [para roubar]", acrescentando que o museu “deve acelerar o processo já em curso para estabelecer um inventário completo”.

O anúncio dos roubos foi um escândalo para a instituição e “prejudicou a reputação do Museu Britânico”, na opinião de Osborne. "Acreditamos que temos sido vítimas de roubos durante um longo período de tempo", ele lamentou.

O presidente do museu acrescentou que “poderia ter sido feito mais” depois que as preocupações com roubo foram levantadas pela primeira vez, em fevereiro de 2021. Ele reforçou que a segurança no museu precisava ser melhorada.

Objetos encontrados

Questionado sobre onde estariam localizados os itens desaparecidos, o presidente disse que “alguns membros da comunidade de antiquários estão cooperando ativamente”. Ele disse estar confiante de que “pessoas honestas” devolverão os itens roubados, mas reconheceu que “outros talvez não”.

O museu está trabalhando em estreita colaboração com a polícia, disse Osborne, acrescentando que um “trabalho forense” está em andamento para estabelecer precisamente o que está faltando.

A instituição anunciou em meados de agosto que tinha despedido um funcionário, enquanto a polícia de Londres afirma ter interrogado um homem, mas não tinha instaurado qualquer processo, e nenhuma prisão foi realizada até agora.

Pior caso da história moderna

Osborne afirmou não acreditar que houvesse facilitações por parte da alta hierarquia do museu, mas acredita na "possibilidade" de que o "pensamento de grupo" entre os funcionários seniores colaborou para a recusa de suspeitas: "não podiam acreditar que havia um infiltrado" roubando tesouros.

Christos Tsirogiannis, arqueólogo forense que preside um grupo da Unesco dedicado ao tráfico ilícito de antiguidades, descreveu o escândalo dos tesouros desaparecidos como o pior da história moderna.

“É de longe o maior roubo que conheço em um museu, especialmente para um [museu] deste calibre. É uma quantidade enorme para qualquer museu, mas o que acontece no Museu Britânico torna tudo ainda pior”, ressaltou o arqueólogo.

(Com informações da AFP e da BBC)

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