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Cúpula da inteligência artificial no Reino Unido aquece debate sobre investimento tecnológico na UE

A inteligência artificial (IA) desperta tanto desejo quanto preocupação. Por isso mesmo, a gestão dos riscos ligados a esta tecnologia estão no centro do debate da cúpula que acontece nesta quarta (1°) e quinta-feira (2), em Bletchley Park, no Reino Unido, e que tem a presença de representantes globais.

A inteligência artificial desperta tanto desejo quanto preocupação.
A inteligência artificial desperta tanto desejo quanto preocupação. © Shutterstock.com
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Chefes de governos, como a vice-presidente americana, Kamala Harris, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, além do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, participam dos debates, ao lado de líderes empresariais do setor de tecnologia. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, propõe uma avaliação dos riscos do uso da IA.

A cidade de Bletchley Park, próxima a Londres, foi escolhida por já ter abrigado o centro britânico de descriptografia durante a Segunda Guerra Mundial, onde o famoso código da máquina alemã Enigma foi decifrado após a descriptografia parcial e envio de uma réplica da Enigma pelos poloneses aos seus aliados franceses e britânicos em agosto de 1939. Esta reunião significa, portanto, que os europeus pretendem fazer parte desta revolução tecnológica representada pela IA, argumenta a reportagem de Agnieszka Kumor, da RFI.

MobiDev, Mistral AI e Volocopter são alguns dos nomes considerados campeões europeus da IA. De acordo com o relatório da Skopai, plataforma de business intelligence com sede em Grenoble, na França, em março de 2023, mais de 5 mil start-ups especializadas em IA foram estabelecidas no continente europeu.

O documento aponta que todos os setores são afetados pela IA, a começar pelo marketing, vendas e recursos humanos, incluindo a saúde, que representa um grupo próprio. Em seguida vêm as finanças e a cibersegurança e, finalmente, as soluções industriais, e também o desenvolvimento urbano, a mobilidade e a robótica.

Europeus apostam em start-ups inovadoras

Depois de terem ficado para trás em relação aos americanos e chineses, os europeus agora apostam em start-ups inovadoras, a fim de tirarem pleno partido do potencial econômico que esta tecnologia representa. Em 2022, Reino Unido, França e Alemanha foram os países que mais investiram em IA, fossem recursos plicos ou privados.

No Top 50 das empresas britânicas, de acordo com o site TechEmergent, estão a MobiDev, criadora de aplicativos utilizando IA, Talentica Software, que promove o surgimento de jovens start-ups, e Sigma Data Systems, especializada em “big data”.

De acordo com o mapeamento realizado pela France Digitale, cerca de 600 start-ups de IA cresceram na França, incluindo 60% na região de parisiense. Metade destas empresas já é lucrativa ou deve ser tornar dentro de três anos. A Mistral AI, por exemplo, fundada em junho de 2023 por três pesquisadores que trabalham no Google e no Meta, acaba de lançar seu primeiro programa generativo de inteligência artificial, reutilizável gratuitamente.

Dataiku é outra start-up que quer democratizar o uso da ciência de dados e o acesso à inteligência artificial nos negócios. Neste universo ainda estão a Owkin, uma start-up franco-americana especializada em tecnologias de inteligência artificial aplicadas à investigação clínica. Vale citar ainda o LightOn, capaz de desafiar o ChatGPT graças à sua plataforma chamada “Paradigm”, que resume vídeos, escreve conteúdos e transcreve reuniões, com o objetivo de aumentar a produtividade do negócio.

Por fim, entre as start-ups alemãs que mais conseguiram angariar fundos este ano, estão a Volocopter, que desenvolve e produz táxis voadores, a CoachHub, especialista em coaching profissional e pessoal online, bem como a Helsing, que se consolidou como um ator importante no campo da IA ​​aplicada à defesa. Além disso, Berlim planeja criar 150 novos laboratórios universitários para investigação em IA, ao mesmo tempo que investe € 20 bilhões em semicondutores.

Falta de financiamento europeu

A Europa tem pesquisadores, mas carece de semicondutores - cujo mercado é dominado pelo Gafam (acrônimo das gigantes da Web Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft) e pela China - para acelerar os cálculos ligados à IA, mas também faltam investimentos. Para fins de comparação, em 2022 os Estados Unidos investiram € 50 bilhões em IA, a China, €10 bilhões, e a UE apenas € 5 bilhões.

No entanto, dado o enorme poder transformador da IA, a UE deve colocá-la no centro da sua política industrial, afirma o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire. “Precisamos de um despertar europeu”, insistiu ele, durante uma reunião na segunda-feira (30) em Roma, onde França, Itália e Alemanha decidiram reforçar a sua cooperação no domínio da inteligência artificial. “É a soberania europeia que está em jogo”, afirmou o ministro francês.

Por iniciativa da cúpula de Bletchley Park, o Reino Unido quer ser a força motriz da cooperação internacional em matéria de IA. Caso não consigam chegar a acordo sobre a regulamentação do setor, os participantes no evento pretendem pelo menos alcançar um entendimento comum sobre os riscos futuros.

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