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A Semana na Imprensa

Ativistas franceses pró-eutanásia contam como conseguem medicamentos para morrer

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A polícia francesa realizou recentemente uma operação de busca e apreensão em dezenas de casas de membros da associação Última Liberdade, que defende o direito irrestrito à eutanásia. Os ativistas, a maioria aposentados – ex-professores, pesquisadores, médicos, enfermeiros e filósofos –, compravam a droga pentobarbital em sites americanos e chineses. Mas eles foram denunciados.

Reportagem da revista L'Obs com ativistas defensores da eutanásia.
Reportagem da revista L'Obs com ativistas defensores da eutanásia. DR
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Na França, essa droga letal, conhecida no mercado como Nembutal, é proibida para venda em farmácias desde 1996. Apenas veterinários são autorizados a utilizar a substância na eutanásia de animais. O Nembutal induz ao sono e, em poucos minutos, provoca uma morte serena e indolor.

Segundo a revista L’Obs, a polícia pôde identificar as pessoas que tinham comprado o barbitúrico graças às autoridades americanas, que transmitiram à França os endereços da lista de clientes encontrada no computador de um revendedor nos Estados Unidos. No fim do ano passado, as autoridades francesas apreenderam 130 frascos da poção letal em várias regiões do país.

"Sacrificam animais para evitar sofrimento, mas proíbem os homens?"

O professor aposentado Daniel Teyssier, 70 anos, membro da associação de 2.800 integrantes, contou à revista o susto que levou quando policiais telefonaram para ele, de madrugada, atrás do Nembutal. “Eu não compreendo por que é recusado a um ser humano que deseja morrer o direito de partir. A eutanásia é aplicada nos animais que sofrem, não é?”, questiona o aposentado.

Na escala de graduação dos grupos pró-eutanásia existentes na França, a associação Última Liberdade se situa na ala mais radical. Seus membros defendem o direito de morrer com dignidade ante um quadro de doença dolorosa ou invalidante, mas também por escolha, quando bem entenderem. Essa visão também gerou polêmica na Bélgica.

A presidente da Última Liberdade, Claude Hury, 70 anos, lamenta que tudo seja feito no país para impedir que as pessoas se suicidem. “Bloqueiam as janelas dos hospitais, proíbem a venda de produtos letais, se uma pessoa ousa dizer que decidiu morrer, corre o risco de ser internada numa unidade de psiquiatria”, critica a ex-professora. Ela relata que o maior medo daqueles que defendem o suicídio assistido é a dependência, se ver amarrado a uma cama de hospital, mantido em vida artificialmente.

A associação tem seu próprio código de ética e acompanha todas as pessoas que manifestam o desejo de morrer. Ao menos dois integrantes avaliam o caso antes de indicar onde o interessado pode conseguir a poção venenosa.

Atualmente, após várias operações policiais nos países que traficavam o Nembutal por quantias de € 400 a € 600 euros, está mais difícil encontrar o produto. Mas isso vai passar, garante o aposentado Daniel Teyssier, que está na expectativa de encomendar dois novos frascos para guardar em casa, assim que a onda repressiva passar.

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