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Um pulo em Paris

"Vírus da festa" se propaga na França em meio ao aumento de casos da Covid-19

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A epidemia de coronavírus dá sinais de aceleração na França. O número de novas contaminações chegou a 1.130 casos em 24 horas, contra 1.000 na quinta-feira (23). O descuido com o uso da máscara e a falta de rigor no distanciamento físico são patentes. Os franceses querem aproveitar a atmosfera festiva do verão e estão deixando a prevenção de lado. Festas clandestinas pipocam pelo país, criando novas oportunidades de transmissão da Covid-19.

Uma rave realizada no dia 13 de julho em Nièvre, na região da Borgonha, sem autorização das autoridades, reuniu entre 4.000 e 5.000 participantes.
Uma rave realizada no dia 13 de julho em Nièvre, na região da Borgonha, sem autorização das autoridades, reuniu entre 4.000 e 5.000 participantes. © Captura de tela
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As férias de verão têm levado os franceses a viajar pelo país e a receber turistas estrangeiros. Novos focos da epidemia surgem diariamente em áreas da costa atlântica, no litoral do Mediterrâneo, no leste, e também na região parisiense. Mas a principal razão para o aumento do contágio é que os franceses relaxaram nos cuidados preventivos.

O turismo da alta temporada contribui para a circulação do vírus. O aumento de casos em dois países vizinhos, Espanha e Bélgica, também preocupa as autoridades francesas. Em seu boletim diário publicado nesta sexta-feira (24), o Ministério da Saúde deplora que os franceses testados positivos para o coronavírus já não se colocam em quarentena como faziam antes.

Os dias são longos, as pessoas passam a maior parte do tempo fora de casa, se aglomeram nas praias, em mercados, bares e restaurantes. DJ's têm organizado o que eles chamam de "festas livres" pelas redes sociais – baladas clandestinas em parques, florestas, praias.

Os eventos começam de madrugada para driblar a vigilância da polícia, e reúnem de centenas a milhares de jovens. As raves, com música eletrônica, já são tradicionais no verão francês. Mas com clubs e discotecas fechados desde março, as raves têm atraído multidões de 4.000 a 5.000 pessoas. As autoridades não conseguem impedir essas aglomerações. Ou a polícia chega tarde demais para dispersar os participantes, ou, quando são grupos de 250 a 500 baladeiros numa floresta, só descobrem no dia seguinte, vendo imagens registradas por satélite.

Os jovens dizem que os dois meses de isolamento foram muito duros, que eles não aguentam mais não ter onde se divertir, que é uma questão de saúde mental poder sair e dançar. Nos vídeos postados nas redes sociais, todos dançam grudados, oferecendo o cenário ideal para a contaminação de um grande número de pessoas ao mesmo tempo.

Alguns especialistas defendem que essas festas sejam autorizadas para serem enquadradas: contar com equipes que vão distribuir álcool gel, máscaras e aproveitar a ocasião para oferecer testes de dignóstico gratuitos. É o que está acontecendo nas praias do rio Sena em Paris. A testagem gratuita, sem hora marcada, é um sucesso total em Paris Plage.

Médicos criticam a demora dos testes

Os agentes da saúde têm realizado 350.000 testes de Covid-19 por semana. Mas o governo afirma ter capacidade para realizar o dobro. Existem campanhas de testagem gratuita nas praias e outros locais de férias, às vezes no centro das cidades, mas a maioria das pessoas ainda depende de uma receita médica para ser reembolsada do gasto e marcar horário para fazer o exame em um laboratório.

O presidente da Federação Nacional dos Médicos critica o sistema implantado pelo Ministério da Saúde por gerar uma demora absurda na confirmação do diagnóstico. A pessoa que apresenta sintomas da Covid-19 precisa fazer o teste desde o surgimento dos primeiros sinais ou, no máximo, em 48 horas. Muitos laboratórios não têm horário disponível antes de uma semana, dez dias. Os médicos estão brigando com o governo para conseguir realizar os testes nos consultórios, desde o primeiro contato com um caso suspeito.

Nesta sexta-feira (24), o primeiro-ministro Jean Castex pediu aos franceses que evitem viajar para a Catalunha, onde várias cidades tiveram que se confinar novamente. Mas o perigo não está apenas do outro lado da fronteira.

O governo francês também anunciou hoje que irá aplicar testes obrigatórios nos passageiros provenientes de 16 países onde a circulação do vírus é forte, incluindo Brasil, México e Estados Unidos. A generalização dos testes começará a ser implementada rapidamente em todos os aeroportos e portos franceses e estará operacional até 1° de agosto. Somente no aeroporto Charles de Gaulle, na região parisiense, serão realizados 3.000 testes por dia. Como as fronteiras com esses países ainda estão fechadas, a medida vale, por enquanto, para franceses que voltam para casa ou estrangeiros residentes na França. Os casos positivos deverão obedecer a uma quarentena de 14 dias. Quem se recusar a fazer o teste também ficará em isolamento.

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