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Com engarrafamentos e trens lotados na França, médicos alertam: confinamento “light” não é eficaz

O índice de contaminação pelo novo coronavírus registra uma aceleração recorde na França, com serviços de reanimação dos hospitais cada vez mais cheios, principalmente nos grandes centros. O país registrou, de acordo com o balanço datando de segunda-feira (2), mais de 52 mil novos casos em apenas 24 horas. Médicos consideram que as medidas de confinamento implementadas não são suficientes.

O ministro francês da Saúde Olivier Véran, em uma das coletivas de imprensa para apresentar o balanço da pandemia de Covid-19, no final de outubro.
O ministro francês da Saúde Olivier Véran, em uma das coletivas de imprensa para apresentar o balanço da pandemia de Covid-19, no final de outubro. AP - Ludovic Marin
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Em entrevista à radio RTL nesta terça-feira (3), o ministro francês da Saúde, Olivier Véran, disse que um doente de Covid-19 é hospitalizado a cada 15 minutos em Paris. Segundo ele, uma pessoa é contaminada na capital a cada 30 segundos.

As declarações do ministro ratificam os números divulgados na véspera, quando a França bateu mais um recorde de contaminação, como 52.518 caos de coronavírus diagnosticados em apenas 24 horas. Mais de 400 pessoas morrem diariamente nos hospitais franceses e o número total de óbitos já ultrapassa 37.000.

Para Gilles Pialoux, chefe do serviço de doenças infecciosas do hospital Tenon, um dos maiores de Paris, o modelo de lockdown instaurado no país contribui para essa situação. “Os franceses não entenderam ou não foram bem orientados”, desabafa o médico, que denuncia a ineficácia do confinamento atual. “Vejo congestionamentos como raramente eu vi no resto do ano, e os trens suburbanos também estão lotados”, acusa, em entrevista à rádio France Inter. “Não creio que toda essa gente atue em profissões essenciais”, ironiza.

Confinamento light

O médico faz alusão às exceções abertas pelo governo para esse segundo confinamento vivido na França. A população é incitada a ficar em casa e, teoricamente, apenas os profissionais de atividades consideradas essenciais estão autorizados a trabalhar. No entanto, o trabalho remoto não foi imposto, mas apenas "generalizado em todos os locais onde for possível", segundo as palavras do presidente Emmanuel Macron. “É um confinamento completamente light”, se irrita Pialoux.

Segundo ele, a população deve se conscientizar que a situação atual é bem mais grave que em março, quando houve o primeiro lockdown. “No início do primeiro confinamento, os hospitais tinham 2.972 doentes (de Covid-19). Nesse segundo confinamento, já temos 21.000 (pacientes)”, explica. Atualmente na região parisiense, 80% dos pacientes dos serviços de reanimação são doentes de coronavírus.

A situação dos hospitais franceses preocupa, não apenas pela falta de leitos em reanimação, mas principalmente pela falta de pessoal para atender esses casos. O governo não exclui transferir pacientes de Covid-19 para países vizinhos e com maior capacidade de acolher pacientes, como a Alemanha.

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