França: Salah Abdeslam passa por novo interrogatório em julgamento sobre atentados de 2015
O julgamento dos ataques jihadistas em Paris e arredores, que deixaram 130 mortos em novembro de 2015, será marcado nesta quarta-feira (9), pelo interrogatório do principal réu, Salah Abdeslam, que permaneceu em silêncio praticamente durante todo o processo.
Publicado em:
Este será o primeiro interrogatório do único integrante vivo dos comandos que atacaram Paris e suas redondedezas em 13 de novembro de 2015. A Justiça busca esclarecer como o francês de 32 anos, fã de cassinos e boates, converteu-se ao islamismo radical. Ele foi preso em 18 de março de 2016, na Bélgica, após mais de quatro meses foragido.
Muitas questões ainda continuam em aberto, como seu papel no ataque e se carregava ou não um cinturão de explosivos. A Justiça francesa ainda não sabe, por exemplo, se ele decidiu não usá-lo na última hora. A perícia mostrou que o equipamento não foi ativado. No interrogatório desta quarta-feira, tais perguntas continuarão sem resposta, já que vão se concentrar no período anterior a setembro de 2015.
Um dos pontos cruciais para reconstruir a trajetória de Abdeslam e a organização do atentado é entender como foi sua estadia na Síria, no início de 2015. A Justiça também busca entender a participação de seu irmão, Brahim, que atuou do ataque a áreas externas de Paris, e de seu amigo, Abdelhamid Abaaoud que coordenou os atentados. O tribunal também tentará esclarecer os motivos de uma misteriosa viagem que ele fez à Grécia, com outro dos réus.
Atentado "inevitável"
O interrogatório é aguardado com impaciência pelos sobreviventes dos ataques perto do Stade de France, no norte de Paris, nos bares e cafés da capital e na sala de shows Bataclan. Salah Abdeslam permaneceu praticamente em silêncio durante os cinco anos de investigação: falou uma vez para inocentar outro acusado e, em outra ocasião, em 30 de setembro, para responder à pergunta da irmã de uma das vítimas, muçulmana, que morreu no ataque.
Ele declarou que o atentado não visava muçulmanos, e que ela havia morrido, tinha sido um "acidente", já que o grupo visava apenas "ateus", que, na sua concepção, são franceses não-muçulmanos. "Visamos a França, e nada mais. Os aviões franceses bombardearam o grupo Estado Islâmico. François Hollande (ex-presidente francês) diz que combatemos a França por conta de seus valores. É uma mentira descarada", acrescentou.
Abdeslam também deixou sua posição clara, já no início do processo. Em 8 de setembro, na abertura do julgamento, apresentou-se como "combatente" do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Mais tarde, considerou que o atentado foi "inevitável", devido às intervenções militares da França na Síria, lançando, ainda assim, um apelo pelo "diálogo" para evitar novos ataques.O interrogatório de Abdeslam está previsto para durar dois dias. Para esta quarta-feira, também foi agendado o testemunho de três pessoas próximas: sua mãe, sua irmã e sua ex-namorada.
(Com informações da AFP)
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro