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Justiça condena à prisão perpétua único terrorista vivo dos atentados de 2015 em Paris

O único acusado ainda vivo do grupo jihadista que organizou os ataques coordenados em Paris na noite de 13 de novembro de 2015 foi condenado à prisão perpétua pela Justiça Francesa nesta quarta-feira (29). A Corte considerou Salah Abdeslam, de 32 anos, culpado pelos assassinatos organizados pelo grupo terrorista.

O acusado Salah Abdeslam durante sessão do processo que julgava os ataques terrorista de 13 de novembro de 2015, em Paris.
O acusado Salah Abdeslam durante sessão do processo que julgava os ataques terrorista de 13 de novembro de 2015, em Paris. AFP - BENOIT PEYRUCQ
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Os ataques que aconteceram no Stade de France, na casa de shows Bataclan e em cafés e restaurantes de Paris naquela noite deixaram um total de 130 mortos e mais de 400 feridos.

Ao longo de todo o processo, Abdeslam alegou não ter matado ninguém na noite dos atentados, pois teria desistido de acionar seu colete explosivo. O dispositivo foi encontrado dentro de um lixo. "Não sou um assassino e se for condenado por assassinatos, vocês cometeriam uma injustiça", declarou durante o processo.

No entanto, a Justiça decidiu que o fato do colete apresentar falha no sistema de acionamento coloca em dúvida o principal argumento de defesa do jihadista, que afirma ter se arrependido.

A leitura do veredicto começou por volta das 20h15 locais (15h15 de Brasília) no Palácio de Justiça de Paris. O local estava repleto de sobreviventes e familiares das vítimas dos atentados de 13 de novembro. A decisão coroa dez longos meses de processo, com audiências marcadas por depoimentos emocionados de vítimas e pessoas que presenciaram aquela noite.

Condenado à prisão perpétua, Abdeslam deve cumprir 30 anos preso sem possibilidade de liberdade condicional. Desde que a prisão perpétua foi instaurada na França, em 1994, o grau mais severo da punição foi aplicado apenas quatro vezes no país.

Sem arrependimento

Após meses em silêncio, Abdeslam passou a alegar ser alvo de calúnias e não ser diretamente responsável pela morte de nenhuma vítima. No entanto, não se mostrou arrependido de ter participado do projeto terrorista e não negou sua proximidade e admiração pelo grupo Estado Islâmico.

“Eu apoio o grupo Estado Islâmico e os amo, porque eles estão presentes no cotidiano, combatem, e se sacrificam", chegou a declarar o acusado em um de seus depoimentos, chocando os familiares das vítimas.

Durante três dias de testemunho, em abril, o réu sustentou a versão de que iria se explodir em um bar do 18º distrito de Paris, mas que teria "desistido" da ação ao chegar ao local e ver muitos jovens que se pareciam com ele e que se divertiam. "Você se arrepende de não ter tido coragem de ir até o fim?", perguntou Olivia Ronen, uma de suas advogadas. "Não me arrependo, não matei aquelas pessoas e não morri", respondeu.

Apenas no terceiro dia de seu interrogatório ele pediu perdão. "Quero apresentar minhas condolências e minhas desculpas a todas as vítimas", declarou o francês com lágrimas no rosto. "Sei que o ódio permanece, mas peço hoje que me detestem com moderação. Peço que me perdoem", insistiu na época.

20 pessoas no banco do réus

Ao todo, vinte pessoas estavam sendo julgadas no processo dos atentados de 2015, acusadas de cumplicidade e envolvimento na organização dos ataques. Os cinco juízes que participaram da corte especial montada para o julgamento pronunciaram penas que vão de dois anos de prisão a prisão perpétua.

Além de Abdeslam, Mohamed Abrini também recebeu condenação perpétua, com 22 anos de regime fechado. Ele foi considerado cúmplice dos atentados, por ter ajudado na organização e acompanhado os terroristas na viagem da Bélgica a Paris naquela noite. A Justiça, contudo, considerou que ele desistiu de participar do ataque na véspera, o que justificaria uma pena relativamente mais branda.  

Osama Krayem e Sofien Ayari, acusados de planejar um atentado ao aeroporto de Amsterdam no mesmo dia, foram condenados a 30 anos de prisão. A mesma pena foi dada a Mohamed Bakkali, considerado o responsável pela parte logística do atentado.

Quatorze acusados participaram de todo o processo. Dentre os seis que não estavam presentes, julgados à revelia, cinco são considerados mortos e um sexto está preso na Turquia.

Os atentados de 2015 aconteceram em um contexto sensível na Europa, que enfrentava uma onda de ataques terroristas, no mesmo momento em que uma coalizão internacional combatia o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque. 

(Com informações da AFP)

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