Governo francês sofre primeira derrota na Assembleia Nacional após perder maioria absoluta
O porta-voz do governo francês, Olivier Véran, denunciou nesta quarta-feira (13), em coletiva de imprensa, a “fusão fraternal da oposição” de extrema direita, direita e esquerda radical, após ter vivido na noite de terça-feira (12) sua primeira derrota na Assembleia Nacional. A rejeição do projeto sobre o passaporte sanitário é um presságio das dificuldades que o presidente Emmanuel Macron deve enfrentar para aprovar suas reformas.
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Após uma sessão agitada, marcada por insultos, os deputados adotaram o Projeto de Lei Sanitária, sem um dos principais artigos sobre uma possível volta da exigência do passaporte sanitário nas fronteiras do território francês.
O artigo 2 foi rejeitado por 219 votos contra 195, graças a união dos votos do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), dos Republicanos (LR), de direita, e de uma maioria de deputados da aliança de esquerda Nupes, principalmente da sigla de esquerda radical A França Insubmissa (LFI) .
“A hora é grave”, reagiu a primeira-ministra francesa Elisabeth Borne no Twitter. “Ao se aliar para votar contra medidas de proteção dos franceses para enfrentar a Covid, LFI, LR e RN impedem todo controle do vírus nas fronteiras”, denunciou.
L’heure est grave. En s’alliant pour voter contre les mesures de protection des Français face au Covid LFI, les LR et le RN empêchent tout contrôle aux frontières face au virus.Passée l’incrédulité sur ce vote, je me battrai pour que l’esprit de responsabilité l’emporte au Sénat.
— Élisabeth BORNE (@Elisabeth_Borne) July 12, 2022
“A hora é simplesmente a da democracia com a qual vocês tinham decididamente um sério problema, senhora primeira-ministra!”, respondeu o coordenador do partido A França Insubmissa, Adrien Quatennens.
“A hora obriga o governo a escutar a oposição, o que até agora tinham um pouco de dificuldade de fazer”, completou o líder dos Republicanos na Assembleia, Olivier Marleix, em entrevista à rádio Sud Radio na manhã desta quarta-feira.
“O parlamento fez seu trabalho, a oposição fez seu trabalho”, afirmou no canal Franceinfo o deputado de extrema direita Sébastien Chenu, que se disse satisfeito porque o texto foi “desossado”.
Passaporte sanitário
Apesar da rejeição do artigo 2, o projeto de lei de “vigilância e segurança sanitária”, examinado em primeira leitura na Assembleia foi adotado por 221 votos contra 187 e 24 abstenções. O texto segue agora para o Senado, onde a direita é majoritária.
“Estamos confiantes na possibilidade de convencer os senadores que já estão convencidos da necessidade da medida”, declarou Véran após uma reunião do governo nesta quarta-feira.
A adoção do projeto com recortes desde a primeira sessão de votação ilustra a delicada margem de manobra do presidente Emmanuel Macron, reeleito em abril para um segundo mandato de cinco anos. O chefe de Estado perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas de junho, e agora o liberal de centro terá que tecer alianças para conseguir aprovar as reformas que pretende adotar.
Durante o primeiro seu primeiro mandato, Macron contava com uma confortável maioria absoluta de 346 deputados (entre os 577) para uma adoção globalmente sem dificuldades de reformas.
(Com informações da AFP)
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