“Salvem os padeiros!”: pão vira símbolo da luta contra a inflação e a crise energética na França
Em um contexto de crise energética e inflação na Europa, um produto recebe especial atenção: o pão. O processo de fabricação da baguete, que exige muita energia, é tratado em reportagens nos principais jornais franceses nesta quarta-feira (4). Este alimento básico estampa a capa do Le Parisien, que afirma: "É preciso salvar os padeiros".
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A reportagem se refere aos esforços anunciados pelo governo francês, na terça-feira (3), a fim de apoiar cerca de 33 mil padarias que se preocupam com a explosão dos preços de suas contas de luz. A oposição, sublinha o diário da capital francesa, não perderá a oportunidade de tirar proveito dessa insatisfação do setor.
Uma fornada de pães também ilustra a primeira página do jornal Les Echos, que enumera alguns dos principais desafios em 2023 para pequenos e médios empresários, como o grande aumento dos custos de produção, a escassez de mão de obra e as reivindicações salariais, que já se traduzem em uma substancial queda da atividade econômica nas últimas semanas.
Nesse cenário, a inquietude dos padeiros, fortemente apoiada pela mídia, já rendeu um adiamento no prazo de pagamento dos impostos e uma política de parcelamento de tributos neste segmento.
Para a confederação empresarial nacional que representa os interesses do setor de produção de pães e doces, não faltam argumentos para que o governo se mobilize a seu favor: o segmento serve 12 milhões de clientes por dia e faz parte da vida dos franceses. Além disso, é um paradoxo que tantos padeiros estejam fechando suas portas no momento em que a baguete francesa acaba de se tornar um patrimônio imaterial da Unesco.
De portas fechadas
O jornal Le Figaro explica que, depois que a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, anunciou medidas para o setor sobre o pagamento de contribuições sociais e fiscais, foi a vez do ministro da Economia, Bruno Le Maire, receber os padeiros para uma conversa.
Mas foi o diálogo do ministro com distribuidores de gás e eletricidade, destaca o Libération, que garantiu a revisão dos contratos, evitando que um grande número de padarias e outros pequenos produtores fechem suas portas. Le Maire, destaca o diário francês, teria “elevado o tom” da conversa com o setor de energia.
Entre julho e setembro de 2022, o custo da eletricidade passou de € 500 para € 700 o MWh, contra menos de € 100 um ano antes, enquanto em 2020 o preço não chegava nem a € 30 o MWh.
O ministro indicou que os padeiros terão um local para obter informações em cada subprefeitura de Paris e de outras regiões da França, caso tenham dúvidas sobre as medidas que o governo colocou em vigor, o que permitirá auxílios específicos a cada caso. Os guichês de ajuda para o pagamento de contas de luz, por exemplo, que deveriam ter sido fechados no último dia 31, agora continuarão operantes.
Galete dos reis
Se o custo da energia exceder 3% do faturamento de 2021, o comerciante será subsidiado, ou se o preço da energia ultrapassar 50% da média de valores pagos também em 2021. As medidas custarão € 12 bilhões aos cofres públicos franceses. Mas, apesar desses esforços, uma manifestação do setor está prevista para 23 de janeiro.
Na tendência desse clima de conciliação, o presidente Emmanuel Macron deve receber, nesta quinta-feira (5), um grupo de padeiros no Palácio do Eliseu. Mas, desta vez, o tradicional pãozinho dará lugar à galette des rois, a galete dos reis, outra tradição francesa que marca o início do ano no país.
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