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França registra recorde de crianças sem teto: 20% a mais do que em 2022

Os jornais franceses desta quarta-feira (30) destacam o número recorde de crianças em situação de rua na França, a poucos dias da volta às aulas no país. Segundo o jornal Le Parisien, a quantidade de menores sem teto deu um salto de 20% em um ano.

Na França, o número de crianças morando em situação de rua aumentou 20% em 2022.
Na França, o número de crianças morando em situação de rua aumentou 20% em 2022. Xavier Vila/Sipa
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O alerta é feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Federação dos Atores da Solidariedade, da qual fazem parte 900 ONGs e associações caritativas. No total, a França contabiliza atualmente 1.990 crianças nas ruas, mais do que o dobro se comparado às estatísticas de 31 de janeiro de 2022 e 20% a mais do que no mesmo período no ano passado. A quantidade de mães solo sem teto também registra um forte aumento: 46% em relação a 2022.

Em entrevista ao jornal Le Monde, o presidente da Federação dos Atores da Solidariedade, Pascal Brice, aponta "um fracasso dos poderes públicos em matéria de alojamento e imigração. Já a presidente do Unicef França, Adeline Hazan, lembra que o governo não cumpriu sua promessa de não ter nenhuma criança sem teto no país. "É inaceitável", diz. 

300 mil sem-teto

Segundo o jornal Le Parisien, a situação vem se agravando há vários anos. O Coletivo de Associações Unidas da França, que trabalha sobre a questão, alerta que na última década, a quantidade de moradores sem teto na França dobrou: atualmente 300 mil pessoas estão em situação de rua no país

O diário entrevistou uma família de quatro imigrantes romenos que mora em um carro, desde que o trailer em que viviam na periferia de Lyon (sudeste) foi incendiado. Segundo Remus, pai de uma menina de 3 anos e de um bebê de 11 meses, a família teria sofrido um ataque racista. Após contatar o serviço de alojamento de emergência, o chefe de família relatou que nenhuma solução foi encontrada. 

A questão também é abordada pelo jornal La Croix, que entrevistou Chahrazad Jraydi, diretora do Serviço de Integração para o Acolhimento e a Orientação de Cergy, na periferia de Paris. Segundo ela, nesta região, a quantidade de pedidos por acomodação de famílias sem teto com crianças quintuplicou de janeiro a junho deste ano. 

Segundo Jraydi, com os cortes orçamentários ocorridos após o fim da pandemia de Covid-19, o governo fechou albergues que faziam acolhimento de emergência para os sem-teto. Além disso, La Croix afirma que o número de migrantes que chegam a Paris vem aumentando, ao mesmo tempo em que hotéis usados pelas autoridades para abrigar essa população não oferecem mais esse serviço. Os estabelecimentos têm preferido fechar para reformas visando o faturamento com os Jogos Olímpicos de 2024. 

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