Acessar o conteúdo principal

Em Marselha, papa Francisco denuncia "fanatismo da indiferença" em relação a migrantes

O papa Francisco chegou nesta sexta-feira (22) em Marselha, no sul da França, para alertar sobre o drama dos migrantes no Mediterrâneo. A Europa vem adotando regras mais rígidas para receber e legalizar os refugiados. No sábado, o sumo pontífice celebrará uma missa para milhares de pessoas no estádio Velódromo.

O papa Francisco na basílica de Notre-Dame de la Garde (Nossa Senhora da Guarda)
O papa Francisco na basílica de Notre-Dame de la Garde (Nossa Senhora da Guarda) © Daniel Cole / AP
Publicidade

O avião papal pousou por volta das 16h locais (11h no horário de Brasília) no aeroporto da segunda maior cidade da França. A primeira-ministra Élisabeth Borne e quatro crianças vestidas com trajes tradicionais receberam o pontífice argentino de 86 anos, sentado em uma cadeira de rodas. 

A premiê francesa aproveitou os dez minutos de conversa com o sumo pontífice para entregar um documento sobre o projeto ecológico do governo. De acordo com o gabinete da primeira-ministra, eles conversaram "sobre a importância de manter os objetivos de paz no mundo e também lembraram que os países não devem se distanciar dos objetivos do Acordo de Paris.

A viagem é cercada de expectativa pelos migrantes e associações, como a ONG SOS Méditerrâneo, que socorre os estrangeiros no mar e espera "que a voz do papa pese muito" no debate atual. "Espero ter a coragem de dizer tudo o que quero dizer", reconheceu Francisco diante dos jornalistas que o acompanhavam na viagem do avião papal.

A questão da imigração é uma prioridade para o pontífice, que com frequência expressa sua dor pelas tragédias vividas pelos migrantes nas travessias no mar. A rota do Mediterrâneo, que Francisco chamou de "cemitério" em agosto, é considerada a mais perigosa do mundo.

Mais de 28.000 migrantes desapareceram em suas águas desde 2014, durante tentativas de chegar ao continente europeu a partir da África, segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM).

A primeira-ministra francesa Élisabeth Borne (esq.) recebeu o papa Francisco no aeroporto de Marselha.
A primeira-ministra francesa Élisabeth Borne (esq.) recebeu o papa Francisco no aeroporto de Marselha. AFP - ANDREAS SOLARO

Homenagem na Notre-Dame de la Garde

O papa prestou homenagem aos migrantes mortos no mar, após a oração com membros do clero local, na basílica de Notre-Dame de la Garde (Nossa Senhora da Guarda).

Em visita ao memorial dedicado às vítimas, onde já esteve em visitas anteriores, ele voltou a denunciar a falta de ação dos governos. "Penso em todos os irmãos e irmãs afogados no medo, com o coração cheio de esperança. Diante de um drama como esse, as palavras não servem para nada. É preciso agir", declarou. "Mas, antes disso, precisamos de humanidade", disse o papa, pedindo um minuto de silêncio em memória aos migrantes mortos no Mediterrâneo.

"Não podemos mais assistir às tragédias dos naufrágios provocadas pelo tráfico detestável", declarou o papa, que também denunciou "o fanatismo da indiferença. As pessoas que são abandonadas no mar devem ser socorridas. Isso é um dever de humanidade, de civilização." O papa também agradeceu a ação das ONGs que socorrem os migrantes.

A primeira viagem de Francisco como pontífice foi em Lampedusa, ilha italiana que acolhe levas de migrantes ilegais todos os anos. Ele também visitou centros de migrantes na Grécia e lamentou a "crueldade" e a "falta de humanidade" vividas no Mediterrâneo, ao ser questionado sobre os naufrágios frequentes na região. 

França vive declínio do catolicismo

Francisco afirmou que sua viagem à segunda maior cidade da França não é uma viagem oficial ao país. Sua finalidade é encerrar um encontro entre bispos e jovens do Mediterrâneo, que tem como principais temas as desigualdades, o diálogo inter-religioso e a mudança climática.

Essa 44ª viagem internacional de Francisco - e a primeira de um papa a Marselha desde 1533 - desperta grande interesse, mesmo com o declínio do catolicismo na França, um país laico desde 1905.

Milhares de fiéis são esperados nas ruas da cidade, onde vivem as mais diversas comunidades e religiões.

Neste sábado (23) o papa Francisco celebrará uma missa para quase 60 mil pessoas no estádio Velódromo. Antes, ele percorrerá a grande avenida do Prado em seu "papamóvel", para que possa ser visto pela multidão. Depois, ele irá para a cerimônia no estádio, que contará com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron, com que tem ele terá também uma reunião a portas fechadas.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.