Acessar o conteúdo principal

Brasil crescerá menos do que a média global em 2024 e 2025, estima OCDE

O crescimento mundial deverá permanecer moderado, enquanto os efeitos do necessário aperto das políticas monetárias, do comércio mais lento e da deterioração da confiança das empresas e dos consumidores são cada vez mais sentidos. É o que aponta a última edição do relatório das Perspectivas Econômicas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado nesta quarta-feira (29). O Brasil deve crescer 3% em 2023, 1,8% em 2024 e 2% em 2025.  

De acordo com a OCDE, o crescimento do PIB global deverá ser de 2,9% em 2023, antes de cair ligeiramente para 2,7% em 2024 e depois melhorar 3,0%, em 2025.
De acordo com a OCDE, o crescimento do PIB global deverá ser de 2,9% em 2023, antes de cair ligeiramente para 2,7% em 2024 e depois melhorar 3,0%, em 2025. AP - Michael Sohn
Publicidade

A atividade econômica cresceu fortemente no Brasil na primeira metade do ano de 2023, impulsionada pela boa safra de produtos agrícolas e pela manutenção da confiança dos consumidores.

Os indicadores apontam, no entanto, uma retração progressiva da economia brasileira no segundo semestre. O relatório destaca também a queda do desemprego para a taxa de 7,7% em setembro, o número mais baixo no país desde junho de 2015. 

A queda na taxa de inflação permitiu ao Banco Central reduzir juros, de uma taxa de 13,75% em julho para 12,25% em novembro. Uma taxa de juros de 9,2% é esperada ao final de 2024. 

Investimentos privados mais fortes em 2024

Segundo as previsões da OCDE para a economia brasileira, os investimentos privados deverão ser retomados com mais força a partir de 2024. A OCDE aconselha medidas de reforço na infraestrutura e no combate aos efeitos das mudanças climáticas como essenciais para fomentar o crescimento.   

Ainda de acordo com a entidade, o crescimento do PIB global deverá ser de 2,9% em 2023, antes de cair ligeiramente para 2,7% em 2024 e depois melhorar modestamente para 3,0%, em 2025.

Como aconteceu em 2023, a Ásia deve ser responsável pela maior parte do crescimento global em 2024-25.   

A OCDE prevê um crescimento dos Estados Unidos de 2,4% em 2023, antes de cair para 1,5% em 2024, recuperando ligeiramente para 1,7%, em 2025.  

Na zona do euro, que foi duramente atingida pela guerra entre Rússia e a Ucrânia, e pelo choque associado aos preços da energia, o crescimento do PIB deverá ficar em 0,6% em 2023, antes de subir para 0,9% em 2024 e depois para 1,5%, em 2025. 

Na China, o crescimento deverá atingir 5,2% este ano, antes de cair para 4,7% em 2024 e 4,2% em 2025, abrandado pelas tensões atualmente observadas no setor imobiliário e pela persistência de uma elevada taxa de poupança das famílias. 

Inflação em queda  

A inflação medida pelos preços ao consumidor deverá continuar caindo e voltar gradualmente aos objetivos definidos pelos Bancos Centrais na maioria das economias até 2025, num contexto de redução das pressões sobre os custos.  

Nos países da OCDE, a inflação dos preços ao consumidor deverá cair de 7,0% em 2023 para 5,2% em 2024 e 3,8% em 2025. 

“No longo prazo, as nossas projeções destacam um aumento significativo da dívida pública, devido em parte a uma desaceleração contínua do crescimento”, explica o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.

“Devemos redobrar os nossos esforços para restabelecer a margem de manobra orçamental, estimulando também o crescimento”, destaca. “Para alcançarmos um crescimento econômico mais forte, precisamos reforçar a concorrência, o investimento e as competências, e melhorar a cooperação multilateral para enfrentar desafios comuns, como o revigoramento do comércio global e a tomada de medidas transformadoras no combate às alterações climáticas”, conclui. 

O peso da incerteza da guerra 

No seu relatório, a OCDE destaca um certo número de riscos. As tensões geopolíticas continuam a ser uma importante fonte de incerteza para a economia global, exacerbadas pela evolução do conflito que se seguiu aos ataques terroristas cometidos pelo Hamas contra Israel. 

As Perspectivas Econômicas contêm recomendações para as autoridades públicas, enfatizando a necessidade de continuarem as políticas implementadas para reduzir a inflação, relançamento do comércio global e adaptação às políticas fiscais, a fim de enfrentar os desafios de longo prazo. 

As políticas monetárias deverão permanecer restritivas até que haja sinais claros de uma redução duradoura das pressões inflacionárias. Não se espera, portanto, que as taxas de juro baixem antes de 2024 nas principais economias avançadas, e só em 2025 em algumas economias.  

Em contraste, seriam possíveis reduções das taxas em muitas economias emergentes, mas as condições financeiras globais limitarão o ritmo em que isso pode ocorrer.  

“Os governos precisam começar a enfrentar os crescentes desafios das finanças públicas, incluindo os desafios relacionados com o envelhecimento da população e as alterações climáticas”, afirmou a economista-chefe da OCDE, Clare Lombardelli. “As autoridades devem gastar de forma mais sensata e os decisores políticos devem limitar as tensões orçamentais atuais e futuras, preservando simultaneamente os investimentos e reconstruindo as margens de manobra necessárias para lidar com choques futuros”, conclui.  

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.