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Hollande admite que França errou ao internar ciganos na 2ª Guerra

O presidente francês, François Hollande, deu neste sábado (29) mais um passo rumo a um objetivo que tem marcado o seu governo: o reconhecimento das falhas da França na História. Em uma visita a um antigo campo de concentração em Montreuil-Bellay, no oeste do país, Hollande admitiu a responsabilidade do governo francês na internação de milhares de ciganos durante a Segunda Guerra Mundial, sob o regime de Vichy.

François Hollande cumprimenta um dos sobreviventes do campo de Meutreuil-Bellay, em cerimônia de homenagem nacional aos ciganos perseguidos na Segunda Guerra.
François Hollande cumprimenta um dos sobreviventes do campo de Meutreuil-Bellay, em cerimônia de homenagem nacional aos ciganos perseguidos na Segunda Guerra. JEAN-SEBASTIEN EVRARD / AFP
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Essa foi a primeira vez que um presidente francês visitou o local, classificado Monumento Histórico desde 2012. “A República reconhece o sofrimento dos povos nômades que foram internados e admite que a sua responsabilidade é grande neste drama”, afirmou o socialista. “Um país é sempre maior quando reconhece a sua história”, declarou.

Em seis anos de funcionamento, cerca de 100 ciganos morreram no local. A cerimônia de homenagem contou com a presença de 500 convidados, entre eles centenas de sobreviventes do período em que a França foi governada por um colaborador do regime nazista, o marechal Philippe Pétain, de 1940 a 1946.

Demora em admitir falhas

Quase setenta anos depois das últimas libertações de ciganos dos campos, os descendentes e associações esperavam há décadas pelo reconhecimento oficial do sofrimento que foi infringido à comunidade nômade. Hollande lembrou que “praticamente todas as famílias” de ciganos da França tiveram pelo menos um parente mantido no campo de concentração.

“Este momento era muito importante para a gente. Milhares e milhares de famílias itinerantes foram atingidas”, disse, emocionado, o presidente da associação France Liberté Voyage, Fernand Delage. “É tarde, mas antes tarde do que nunca.”

No antigo hospital, foi inaugurada uma obra de arte para recordar o passado sombrio – “Instant nomade”, da artista-ceramista Armelle Benoît, tem gravados os nomes das 473 famílias que passaram pelo campo de Montreuil-Bellay. Pelo menos 6 mil ciganos estiveram no local em condições insalubres e de desleixo, inclusive alimentar, durante a Segunda Guerra Mundial.

Lucien Violet, 69 anos, foi à cerimônia em nome da lembrança dos pais, que foram internados durante a guerra. “As nossas famílias sofreram muito e não esqueceremos jamais, por mais que tenhamos perdoado”, disse.

Com informações da AFP
 

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