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França/morte

Morre Johnny Hallyday, o “Elvis Presley” francês

O cantor, o maior rock-star da França, morreu na noite desta terça-feira(5) aos 74 anos, vítima de um câncer do pulmão. O anúncio foi feito pela sua mulher, Letícia, e mergulha o país no luto. Mais do que um ícone, Johnny Hallyday foi uma marca, um personagem, uma celebridade francesa que se manteve nos holofotes por mais de 50 anos.

Johnny Hallyday em Londres, em 2012.
Johnny Hallyday em Londres, em 2012. Christie Goodwin/Redferns via Getty Images
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O "Elvis Presley" francês nasceu em 15 de junho de 1943 em Paris. Filho de pais divorciados, Jean-Philippe Léo Smet, nome de batismo do cantor, foi criado por uma tia. O contato com a cena artística aconteceu cedo: nos anos 60, ele descobriu o palco interpretando músicas country americanas e canções de Elvis em um dos clubes de rock franceses célebres da época, o Golf Drouot.

Seu primeiro disco 45 rotações foi lançado em 1960, com uma releitura de uma canção de Dalida, “T’aimer follement”, seguida de “Souvenirs, souvenirs”, que o lançam no mercado. Entre turnês e shows, Johnny vai ganhando a simpatia do público, se transformando no “ídolo dos jovens” e no rei do rock francês. Ganhando cada vez mais espaço na mídia, ele perde o controle sobre sua própria imagem.

Shows lotados

Seus shows sempre estavam lotados, seu público é fanático. Johnny desperta paixões por onde passa. Em um desses espetáculos em Paris, nos anos 60, 150 mil pessoas se acotovelaram para ver o ídolo, descrito pela crítica musical como uma “bête de scène”, um showman. Ao longo dos anos, suas turnês bateram recordes cada vez mais impressionantes de público. As turnês nos anos 2000 chegaram a ter mais de um milhão de espectadores.

As modas se sucedem nas décadas que seguem e o Elvis francês as acompanha. Suas músicas tiveram toques de Soul, Blues, Pop e se inspiram até mesmo de baladas hippies. No total, ele gravou mais de 50 álbuns e vendeu mais de 100 milhões de discos em mais de 60 anos de carreira. Foram 180 turnês no total.

O cantor também enveredou pelo cinema, com atuações em vários filmes, de grandes diretores como Jean-Luc Godard, sendo que três deles foram selecionados para o Festival de Cannes.

Antoine Duléry, Jean Dujardin, Johnny Hallyday em "Chacun sa vie", do diretor Claude Lelouch.
Antoine Duléry, Jean Dujardin, Johnny Hallyday em "Chacun sa vie", do diretor Claude Lelouch. Valérie Perrin

Entre alguns de seus maiores sucessos estão "Le Pénintencier", "Noir c’est noir", "Retiens la nuit", "Quelque chose de Tennessee" ou "Que je t’aime", além de "La Musique que j’aime". Johnny também foi o autor da música em homenagem às vítimas dos atentados terroristas de 2015 na França.

Vida pessoal

Johnny Haliday se casou com a cantora Sylvie Vartan em 1965, de quem se separou em 1980. David, o primeiro filho, nasceu em 1966. O cantor se casou cinco vezes. Uma delas com a atriz Nathalie Baye, com quem teve uma filha, a atriz Laura Smet, em 1983. Em 1995, ele se encontrou com a modelo Laeticia Boudu, 32 anos mais nova, sua última mulher. Eles adotaram duas filhas de origem vietnamita: Jade e Joy.

Johnny Hallyday em 2015
Johnny Hallyday em 2015 B. Brun

Nos últimos anos, Johnny começou a acumular os problemas de saúde. Em 2009, ele foi operado de um câncer de cólon e viveu anos às voltas com uma hérnia de disco, que lhe custou várias cirurgias. Ele chegou a ficar em coma e quase morreu, mas o cantor, depois de um longo período de depressão, superou a situação e voltou aos palcos. Em março de 2017, o cantor, que vivia há anos com a mulher e as filhas em Los Angeles, anunciou que estava com câncer e voltou para a França poucos meses depois.

Reações

A morte de Johnny causou uma grande comoção nacional. Em um comunicado, o presidente francês, Emmanuel Macron, que está em visita na Argélia e amanhã viaja para o Catar, disse que “todos os franceses têm alguma coisa do Johnny”. O anúncio também provocou um choque entre os fãs, apesar deles estarem conscientes do estado de saúde do ídolo. "Nós sabíamos que Johnny estava doente, mas tínhamos esperança. Agora aconteceu o pior. Estamos destruídos. Nossa geração viveu e cresceu com Johnny. É uma grande perda. O que fica é um imenso vazio. Nada será como antes", declarou Francis Lequeutre, do fã-clube do cantor.

Para o crítico Francis Lecouevre, Johnny Haliday é para a França o que Elvis Presley foi para os Estados Unidos. “Como todas essas crianças que cresceram depois da Segunda Guerra Mundial, dessa geração, ele só tinha em mente o sonho americano. A regra era se vestir como um roqueiro americano, e toda essa juventude, seja James Dean ou Elvis Presley".

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