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Falsa vítima dos atentados de 2015 em Paris reconhece que mentiu

Após três anos de mentiras, Alexandra D., a “falsa vítima” dos atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, reconheceu nesta terça-feira (2) que ela não estava no bistrô Carillon, uma das localidades atingidas pelos disparos dos terroristas. A mulher de 32 anos pode ser condenada a 18 meses de prisão*. O tribunal de Paris deve dar sua decisão no dia 16 de outubro.

Bataclan foi um dos cenários atingidos pelos atentados de 13 de novembro em Paris
Bataclan foi um dos cenários atingidos pelos atentados de 13 de novembro em Paris PHILIPPE LOPEZ / AFP
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Durante a abertura do processo por fraude e falso testemunho, Alexandra D. declarou, na presença de diversas vítimas dos atentados: “Venho hoje me declarar culpada. Quero explicar minhas razões e pedir perdão. Foi o maior erro de minha vida”, disse a jovem parisiense, que perdeu o trabalho por causa do caso e aumentava cada vez mais suas mentiras ao longo dos últimos meses.

Ela é acusada de ter recebido, sem merecer, uma quantia de € 20.000 dos Fundos de garantia das vítimas de terrorismo e outras infrações penais (FGTI). Além disso, a falsa vítima ganhou um tratamento terapêutico num hotel da Normandia patrocinado pela Associação francesa das vítimas do terrorismo (AFVT).

No dia 13 de novembro de 2015, a “cliente assídua” do Carillon tinha previsto passar para beber no restaurante, mas “mudou de ideia 20 minutos antes”. Ela não foi, portanto, uma das vítimas dos violentos ataques terroristas daquela noite, que deixou 130 mortos.

Alexandra D. afirmou ter perdido “conhecidos” durante os atentados e, por isso, começou a se sentir culpada, questionando se teria sido capaz de salvá-los. De acordo com a acusada, em sua cabeça, a frase “eu poderia estar lá” virou “eu estava lá”: a jovem disse que foi ferida por uma das armas usadas pelos terroristas e declarou que um homem morto caiu por cima de seu corpo.

Jovem usou dinheiro para viajar

Alexandra D. também fez uma tatuagem com o lema de Paris, “Fluctuat nec mergitur” (“Sacudido pelas ondas, mas não afunda”), num gesto de protesto contra o terrorismo. Ela participava de coletivas de imprensa e eventos oficiais de homenagem às vítimas e foram as persistentes incongruências em seu discurso que levaram à abertura da investigação de seu testemunho.

“Eu coloquei meus dois pés em minhas mentiras, minha estupidez e minha dor”, disse Alexandra D., alegando que a principal associação de vítimas do 13 de novembro, Life for Paris, a colocava numa espécie de “bolha de proteção”. O dinheiro recebido foi usado para pagar seu aluguel e “viajar um pouco”.

Tanto a Life for Paris quanto o FGTI denunciaram a ganância de Alexandre D., que sempre demonstrou apreço por dinheiro. “Trata-se de um caso de psiquiatria, não de falcatrua”, argumentou seu advogado. Cerca de 15 pessoas foram condenadas por tentativa de fraude ligada aos atentados de 2015.

*Na primeira versão, afirmamos equivocadamente que Alexandra D. já tinha sido condenada

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