Demissão de ministro do Interior acentua crise do governo Macron
O presidente francês Emmanuel Macron aceitou na noite de terça-feira (2) para quarta-feira (3) a demissão de mais um de seus próximos: o ministro do Interior, Gérard Collomb, que deixa o governo para assumir a prefeitura de Lyon. O cargo ficará temporariamente nas mãos de Edouard Philippe, primeiro-ministro do governo Macron, evidenciando que o chefe de Estado está ficando, cada vez mais, sem cartas na manga.
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A posse ocorreu nesta quarta-feira e a atmosfera era glacial. Tudo parecia ter sido improvisado e feito às pressas na praça Beauvau, no 8° distrito de Paris, da recepção dos jornalistas à transmissão do discurso que começou com problemas técnicos.
O agora ex-ministro do Interior, Gérard Collomb, teve que esperar sozinho durante vinte minutos até que seu sucessor aparecesse. Uma maneira para Edouard Philippe mostrar sua contrariedade em relação à atitude de Collomb.
Em seu discurso, Collomb fez um balanço de sua gestão no ministério do Interior. Emocionado, ele prestou uma homenagem às forças de ordem e a suas equipes. “É sempre com arrependimento que abandonamos o cargo de ministro do Interior. Obrigado a cada um de vocês. Guardarei uma parte de vocês em meu coração”, disse.
Um pouco mais sucinto, Edouard Philippe agradeceu a Gérard Collomb, dizendo ter “apreciado a grande cultura” do ex-ministro. Ele, entretanto, não poupou Collomb de críticas: “O ministério do Interior é o ministério da permanência do Estado, o ministério da presença”.
Philippe também deixou uma mensagem para tentar acalmar os franceses quanto à agitação nas veias do governo Macron. Diversos nomes foram citados como sucessores de Collomb, como Gérald Darmanin, ministro do Orçamento, Christophe Castaner, secretário de Estado nas Relações com o Parlamento ou Benjamin Griveaux, porta-voz do governo.
Macron nega crise
Macron, que acabou de chegar de sua viagem às Antilhas, enfrenta a perda de seu terceiro ministro desde sua eleição. Em junho de 2017, François Bayrou, ex-ministro da Justiça, pediu demissão, seguido por Nicolas Hulot, um dos mais populares, que deixou o ministério da Transição Ecológica em setembro.
A demissão de mais um membro de seu governo não é, para Macron, sinônimo de crise política. Mas para a direita francesa, o episódio só prova a fragilidade dos ministérios. “O Titanic afunda cada vez mais e a orquestra já parou de tocar”, disse o deputado Eric Ciotti, do partido Os Republicanos. “Constatamos hoje que é o conjunto do poder, da ‘macromania’, que está em jogo”, ironizou a deputada da França Insubmissa, Danièle Obono.
Collomb, por sua vez, não perdeu tempo. Ele deve ir ainda nesta quarta-feira à Lyon. O prefeito da cidade, Georges Képénékian, apresentou sua carta de demissão na terça-feira à noite.
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