Vizinha de Pistorius ouviu gritos na noite do assassinato
A estudante universitária Michelle Burger, uma vizinha do atleta paralímpico sul-africano, Oscar Pistorius, acusado de matar sua namorada em fevereiro do ano passado, diz ter ouvido gritos e pedidos de socorro, na noite do crime. Ela foi chamada pela Justiça sul-africana a testemunhar no processo do esportista, reaberto nesta segunda-feira (03) em Pretória. O processo é seguido por jornalistas do mundo inteiro e transmitido ao vivo pela televisão.
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“Logo após as 3 horas da manhã, fui acordada por gritos terríveis de uma mulher. Ela pedia socorro”, declarou a estudante cujo dormitório fica a 177 metros da casa de Pistorius. A testemunha disse que seu marido telefonou para a empresa que faz a segurança da residência universitária e que, logo depois, ouviu novos gritos. “Foi pior do que a primeira vez, ela estava muito assustada. Eu sabia que algo terrível iria acontecer”, declarou.
A testemunha disse que, na sequência, ouviu quatro tiros. “Houve uma pausa mais longa entre o primeiro disparo e o segundo do que entre o terceiro e o quarto”, observou Burger. O número de tiros ouvidos pela vizinha de Pistorius corresponde a quantidade de marcas de bala na porta do banheiro.
Inocente
O esportista de 27 anos, famoso por ter duas pernas amputadas e ter participado das Olimpíadas de Londres como um atleta normal, alega, desde o início das investigações, que é inocente. Ele pôde acompanhar o desenrolar das investigações em liberdade, após pagamento de fiança. Mas, se for condenado, Pistorius pode pegar até 25 anos de prisão.
Os advogados do esportista defendem a tese do desfecho trágico para o caso. O atleta diz ter ouvido barulhos no apartamento e disparou sua arma pensando se tratar de um ladrão e não de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, de 29 anos. Aos investigadores, o atleta garantiu que o casal estava muito feliz, embora a promotoria alegue que o casal protagonizava brigas violentas.
A acusação tenta provar que foi um crime premeditado, apesar da falta de testemunhas. E para isso, terá que demonstrar que o comportamento de Pistorius foi irracional: ele atirou a esmo, sem identificar a origem do ruído e sem sequer tentar falar com o "suposto ladrão".
“Creio que a acusação não tem nenhuma base para decidir que eu quis matar Reeva. Ainda que eu admita ser o autor dos tiros contra Reeva, foi um acidente”, diz o atleta em um documento lido por seu advogado, Kenny Oldwage. Pistorius também declarou que, no momento em que atirou, ele acreditava que sua namorada estava dormindo.
A defesa também reclama da falta de cuidado da polícia com a cena do crime. “O local do incidente foi manipulado e modificado”, lembrou Oldwage.
Já o promotor Gerrie Nel é inflexível quanto à premeditação do crime. “O acusado atirou na vítima com a intenção de matá-la”, insistiu hoje.
Ajuda do FBI
A imprensa sul-africana especula que mais vizinhos poderão ser chamados para dizer o que ouviram na madrugada do crime. Uma equipe de investigadores teria ido aos Estados Unidos pedir ajuda da Apple e do FBI, para tentar decodificar informações escondidas no Iphone de Pistorius.
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