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Poluição

Golpe da Volkswagen foi descoberto por ONG nos Estados Unidos

Testes realizados pela organização não-governamental International Council for Clean Transportation (ICCT) nos Estados Unidos, em 2013, permitiram flagrar o esquema da Volkswagen para fraudar testes de emissões de gases poluentes. Onze milhões de carros a diesel da companhia e das subsidiárias Seat, Skoda, Porsche e Audi estavam equipados com um software que "maquiava" o resultado dos testes.

Testes no modelo Jetta permitiram descobrir falsificação.
Testes no modelo Jetta permitiram descobrir falsificação. REUTERS/Shannon Stapleton
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A ICCT, que tem sede em nos EUA, na Alemanha e na China, é uma ONG especializada em transportes movidos à energia limpa e é financiada pela ClimateWorks Foundation, outra organização dedicada à luta contra o aquecimento global.

Entre 2013 e 2014, o ICCTE realizou testes em dois modelos da Volks – Jetta e Passat – em duas situações distintas: circulando de fato pelas estradas e em laboratório. A comparação entre os dois resultados revelou que, em condições reais, ou seja, circulando, os veículos emitiam de 15 a 35 vezes mais Óxidos de nitrogênio do que o permitido pela lei norte-americana.

O resultado do estudo foi apresentado pela ONG à Agência Americana de Meio Ambiente que, por sua vez, abriu a investigação que acabaria descobrindo o programa de computador destinado a controlar as emissões de gases poluentes somente durante os testes em laboratório.

Drew Kodjak, diretor-executivo da ICCT, diz que a descoberta do golpe surpreendeu sua equipe. “Nós já havíamos provado que as emissões dos carros a diesel europeus eram superiores às normas em condições normais de circulação”, explicou Kodjak ao jornal Le Monde. “Mas achávamos que essa diferença acontecia por causa de algumas lacunas do sistema de controle europeu, como, por exemplo, a falta de uma autoridade comum para realizar os testes.”

Reação

O conselho administrativo da Volkswagen volta a se reunir nesta quarta-feira (23) para discutir a crise que atingiu a companhia. Nos últimos dois dias, as ações do grupo acumularam perdas de 35 pontos percentuais na bolsa de Frankfurt.

Ontem, o presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, reconheceu a trapaça, pediu "profundas desculpas" aos clientes e autoridades e prometeu uma investigação rápida e transparente. Nesta sexta-feira, o executivo mais bem pago da Alemanha deveria ter seu contrato renovado até 2018, mas a crise abalou a confiança no CEO, que sempre se gabou de conhecer "cada parafuso de cada carro" produzido sob seu comando. Diante do escândalo, ele admitiu não ter respostas para todas as perguntas.

O escândalo criou uma onda de choque internacional. A chanceler alemã, Angela Merkel, exigiu "transparência total" nas investigações. Itália e França anunciaram suas próprias investigações, e o governo sul-coreano convocou a direção da empresa a prestar explicações. Nos Estados Unidos, foi aberto um processo penal que pode resultar em multas de até US$ 18 bilhões.

Ditadura no Brasil

Paralelamente ao escândalo, no Brasil ex-trabalhadores e ativistas entraram com uma ação civil contra a Volks em São Paulo, pela suposta colaboração da companhia com a ditadura militar. De acordo com a advogada das vítimas, vários funcionários teriam sido vítimas de tortura, prisão ilegal e perseguição por parte do regime, com aval da empresa.
 

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