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Líbia pode ser novo eldorado do grupo Estado Islâmico

A situação na Líbia é "incontestavelmente o grande assunto dos próximos meses", advertiu o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, nesta terça-feira (1°). "O terrorismo, essa ideologia totalitária, transforma-se em permanência", reiterou o chefe do governo, sugerindo que os integrantes do grupo Estado Islâmico (EI) começaram a deixar o Iraque e a Síria para continuar seus combates na Líbia, um país onde a organização terrorista já marca presença há algum tempo.

Grupo Estado Islâmico aproveitou o caos e a guerra civil na Líbia para se implantar no país.
Grupo Estado Islâmico aproveitou o caos e a guerra civil na Líbia para se implantar no país. REUTERS/Stringer
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O ministério francês da Defesa insiste em alertar que o movimento jihadista ganha cada vez mais espaço no território líbio, ameaçando os países vizinhos da África do Norte, Central e os Estados europeus. A organização teria em seus campos de treinamento líbios cerca de 3 mil combatentes, entre eles muitos estrangeiros.

"Enquanto a organização Estado Islâmico perde pouco a pouco seu espaço no Iraque e na Síria, constatamos o retorno de extremistas líbios a seu país. Sabemos também que marroquinos e argelinos que pretendem se juntar aos radicais migram para a Líbia", declaram fontes do Ministério francês da Defesa à RFI. Há cerca de quinze dias, dois franceses que planejavam se juntar aos jihadistas no país foram presos.

Chamariz para candidatos jihadistas estrangeiros

De acordo com o jornalista da RFI especializado em movimentos jihadistas, David Thomson, o bastião dos radicais na Líbia é atualmente a cidade de Syrte, na costa mediterrânea. No entanto, segundo ele, também há uma forte presença dos extremistas em Bengazi, onde combatem ao lado das forças rebeldes do país.

O jornalista aponta duas principais razões para o aumento da influência do grupo Estado Islâmico na Líbia: "O EI conseguiu se instalar no local, mergulhado no caos político, porque já havia uma presença de jihadistas, especialmente em Syrte, lutando juntos aos rebeldes contra as forças do poder. Além disso, a cidade, que foi o último bastião do regime de Muamar Kadafi, começa a se tornar também um chamariz para os candidatos jihadistas estrangeiros, especialmente tunisianos", sublinha.

De acordo com a ONU, entre mil e 1,5 mil tunisianos teriam integrado a organização extremista na Líbia, país mergulhado na guerra civil e no caos político. "Esperamos um governo de união nacional desde 2014 no país. Juntas, as forças líbias poderiam acabar com grupo Estado Islâmico. Mas, para que essa situação mude, será necessário um acordo político entre os governos de Trípoli e Tobruk", diz a fonte do Ministério da Defesa da França.

Argélia quer uma solução política

Na Argélia, representantes do Egito, do Sudão, do Níger, do Chade e da Tunísia se reuniram na terça-feira (1°) para discutir a crise líbia, na presença do novo representante especial da ONU para o país, Martin Kobler. O ministro argelino das Relações com a África, Abdelkader Messahel, ressaltou a urgência de encontrar uma solução política para o país. Desde o início do conflito, a Argélia multiplica as iniciativas diplomáticas em busca de uma solução para o país vizinho.

Com uma fronteira de mil quilômetros com a Líbia, a Argélia quer evitar a qualquer custo uma violência generalizada. Sua linha diplomática é a mesma depois do começo da crise: a solução tem que ser política. Mas o país atua também em outro plano, o da inteligência, com o objetivo de obter o máximo de informações possíveis, mas sempre mantendo boas relações com todos os países da região.

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