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Rússia

Para Putin, retomada de relações com Turquia "vai levar um tempo"

Apesar da intensa propaganda do governo turco sobre o encontro entre o presidente Recep Tayyip Erdogan e o presidente russo, Vladimir Putin, Moscou é cautelosa sobre a reaproximação entre os dois países. Enquanto Erdogan não poupa elogios ao importante parceiro econômico, Putin não esconde seu rancor. Ele avaliou, nesta terça-feira (9), que o processo de retomada da cooperação comercial com a Turquia “vai levar um tempo”.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan (E), e o presidente russo, Vladimir Putin, após a coletiva de imprensa nesta terça-feira (9) em São Petersburgo.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan (E), e o presidente russo, Vladimir Putin, após a coletiva de imprensa nesta terça-feira (9) em São Petersburgo. REUTERS/Sergei Karpukhin
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O objetivo de Erdogan com o encontro era restabelecer as relações com um importante e antigo parceiro. Os dois países vivem um quiproquó diplomático desde que as Forças Aéreas turcas abateram um caça russo em novembro do ano passado, matando dois pilotos russos.

Depois do incidente, a Rússia anulou a isenção de vistos com a Turquia e desaconselhou os russos a viajarem ao território turco. Moscou também proibiu a importação de alimentos turcos e suspendeu a construção de um gasoduto no Mar Negro e de uma usina nuclear no país.

Os resultados negativos dos castigos impostos por Putin não tardaram a balançar a economia e o turismo turcos, sendo que a Rússia é a quinta parceira comercial da Turquia, que era, até o ano passado, o principal destino de férias dos russos.

O número de turistas russos na Turquia caiu 93% comparando junho de 2015 com o último mês de junho. Já os intercâmbios comerciais bilaterais caíram 43% entre janeiro e maio deste ano.

“A tendência é triste”

Apesar de estar disposto a restabelecer o diálogo com Ancara, Putin não esconde sua mágoa. Em coletiva de imprensa após a reunião com Erdogan, o presidente russo demonstrou pessimismo.

"A tendência é triste. Temos um trabalho difícil para reconstruir a cooperação econômica e comercial", indicou Putin, ao lado do presidente turco. Segundo ele, o processo de reaproximação “já foi lançado, mas vai levar um tempo”.

Já Erdogan disse que sua viagem à Rússia “é uma nova estapa, um início do zero”. Para ele, os dois países entram em uma “fase positiva” e a “solidariedade entre Moscou e Ancara” contribuirá para resolver os problemas da região.

Gasoduto “será realizado o mais rápido possível”

Além de otimismo, o presidente turco também tem pressa em oficializar a retomada dos negócios com a Rússia. O projeto de gasoduto entre Rússia e Turquia, estagnado pela crise diplomática entre os dois países, "será realizado o mais rápido possível", afirmou Erdogan.

Sobre a questão, Putin também é cauteloso e aproveita para alfinetar os europeus. O presidente russo acredita que a construção da parte do gasoduto destinada ao mercado interno turco poderá começar "muito em breve", mas destacou que a realização do projeto destinado ao abastecimento da União Europeia (UE) dependerá das garantias de Bruxelas.

“Nossos países têm todas as possibilidades para restabelecer plenamente as relações”, concluiu Putin na coletiva de imprensa. Mas, ao que parece, as condições da reaproximação continuarão sendo estabelecidas por Moscou e aceitas por Ancara, a exemplo do pedido de desculpas de Erdogan a Putin pela derrubada do caça – requisito para que o encontro desta terça-feira acontecesse.

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