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Coreia do Norte/Política

Novo pacote de sanções contra Coreia do Norte pode aumentar risco de conflito

A terceira resolução com sanções contra a Coreia do Norte aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas aumentou a pressão sobre o regime de Kim Jong-Un, mas foi recebida com uma dose de ceticismo por parte de especialistas que acompanham os desdobramentos da crise na península coreana. A avaliação é a de que, se as outras restrições impostas ao país desde 2006, quando realizou seu primeiro teste nuclear, não conseguiram convencer Pyongyang a ceder, o novo pacote de limitações tampouco teria essa capacidade.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta segunda-feira (11) por unanimidade uma nova resolução de sanções contra a Coreia do Norte.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta segunda-feira (11) por unanimidade uma nova resolução de sanções contra a Coreia do Norte. REUTERS/Stephanie Keith
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Vivian Oswald, correspondente da RFI Brasil em Pequim

O temor é o de que este tipo de medida complique ainda mais a situação econômica da Coreia do Norte e acabe levando o regime a tomar medidas desesperadas, de quem não tem nada mais a perder. A maioria dos analistas acha que Kim Jong-Un não vai desistir dos armamentos que desenvolveu até agora. Para eles, novas sanções só aumentam os riscos, de um conflito, por exemplo.

Especialistas chineses vêem ameaças até mesmo para a China, último aliado dos norte-coreanos. Não descartam o risco de radiação e contaminação. Temem que a Coreia do Norte venha a se tornar hostil à China e tornar-se ameaça nuclear.

Nos últimos dias, as autoridades chinesas fizeram testes nas proximidades da fronteira para saber sobre a possibilidade de contaminação. Não foram encontrados indícios de anormalidade até o momento, apesar do último teste nuclear da semana passada.

Estratégia de suspensões

Para analistas, a China não tem muitas opções agora para lidar sozinha com a questão coreana. Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores reafirmou o apoio do seu governo à resolução aprovada na segunda-feira, mas reiterou a necessidade de uma saída negociada.

Ele destacou que a resolução da ONU mostra que existe um consenso da comunidade internacional pela saída pacífica para a crise na península coreana. Ele chamou a situação na região de complexa, sensível e severa. E voltou a defender a ideia que tem sido apresentada pelos chineses de suspensão por suspensão: os norte-coreanos suspendem seu programa de armas e sul-coreanos e americanos, sua base antimíssil que está sendo construída na Coreia do Sul.

Esta é a terceira medida do Conselho de Segurança da ONU em cinco semanas. Limita o fornecimento de petróleo ao país em quase 30%, com cortes nas vendas de gás, diesel e outros derivados. As sanções também impedem todas as exportações de têxteis da Coreia do Norte e proíbem todos os países de autorizar novas licenças de trabalho para trabalhadores norte-coreanos. Estes dois últimos são importantes fontes de recursos para o país.

Só as exportações de têxteis devem chegar a cerca de US$ 1 bilhão e as remessas dos cerca de 20 mil trabalhadores, outros US$ 100 milhões. Com todas as restrições aprovadas até agora, a Coreia do Norte está impedida de exportar 90% do que vendia para o resto do mundo.

Impacto de sanções radicais sobre a população

Em 2016, o país teria crescido 3,9%, segundo dados do Banco Central da Coreia do Sul. Acredita-se que a expansão econômica norte-coreana possa ter sido até maior. Eles não divulgam dados oficiais. Mas estima-se que este ano as sanções devem atingir o país de maneira mais dura. Além disso, houve uma seca importante que abalou primeira das duas safras de grãos do país.

A China hoje é o maior parceiro comercial da Coreia do Norte e representa 90% do comércio do país com o exterior. A maior parte dos cortes agora tem sido feita pela China. Os chineses temem os efeitos de sanções radicais, não apenas pelas reações da Coreia do Norte, como pelo impacto que pode ter sobre a população. Pequim teme a chegada de refugiados na China após um conflito ou o agravamento da crise.

As Nações Unidas já adotaram sete séries de sanções à Coreia do Norte, cada vez mais duras, com um embargo de armas, bloqueio de ativos e proibição de importar carvão. A última sanção da ONU, em 5 de agosto de 2017, impediu a Coreia do Norte de exportar carvão, ferro, minério de ferro, chumbo e pescados.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, veio a público dizer que é importante que se aumente a pressão sobre os norte-coreanos como nunca.

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