Presidente afegão rejeita libertação de detentos talibãs prevista em acordo com EUA
A trégua parcial de uma semana no Afeganistão continuará com o objetivo de um "cessar-fogo completo." A declaração foi dada neste domingo (1) pelo presidente Ashraf Ghani, que rejeitou, entretanto, uma cláusula do acordo assinado neste sábado (29) entre os Estados Unidos e o Talibã, pedindo a libertação de milhares de prisioneiros.
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Ghani rejeitou a cláusula que pede ao Talibã que liberte até mil prisioneiros e o governo afegão que solte cerca de 5.000 prisioneiros talibãs. "Não há compromisso para libertar 5.000 prisioneiros", afirmou o presidente, indicando que a troca "poderia fazer parte da agenda de negociações entre as partes afegãs, mas não uma condição para as negociações".
A libertação dos prisioneiros "não depende da autoridade dos Estados Unidos, mas da autoridade do governo afegão", insistiu Ghani. As negociações entre seu governo e o Talibã devem começar em 10 de março, segundo o acordo assinado em Doha neste sábado (29). Essas discussões são uma condição para a retirada das tropas americanas.
Até agora, os insurgentes se recusaram a negociar com o governo Ghan, mas para essas negociações, o presidente afegão terá que nomear uma delegação, apesar da crise política interna, depois que sua reeleição foi contestada por seu principal adversário, Abdullah Abdullah.
Diminuição de ataques traz esperanças para a população
Durante a semana, o número de ataques em todo o país diminuiu significativamente. Essa trégua parcial precedeu a assinatura em Doha, de um acordo histórico entre os Estados Unidos e os afegãos. De acordo com esse pacto, Washington e seus aliados prometem retirar todas as suas tropas do Afeganistão em 14 meses, se o Talibã respeitar o compromisso, incluindo o início de negociações com o governo para alcançar uma paz duradoura.
"A redução da violência continuará com o objetivo de alcançar um cessar-fogo completo", disse Ghani em entrevista coletiva em Cabul. Ele explicou que o Talibã foi informado da decisão pelo general Scott Miller, chefe das forças americanas no país. O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse que comentaria a declaração do presidente mais tarde.
Embora ainda não haja cessar-fogo total, o drástico declínio dos ataques do Talibã no país esta semana trouxe esperança para a população. Mas ainda há um longo caminho a percorrer antes de um verdadeiro acordo de paz neste país devastado por conflitos por mais de quatro décadas. Os Estados Unidos estão presentes militarmente no país desde o final de 2001, após os ataques de 11 de setembro.
(Com informações da AFP)
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