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Peregrinação a Meca começa com apenas alguns “eleitos” por causa da pandemia

Começa nessa quarta-feira (29) o Hajj, peregrinação a Meca que representa um dos principais rituais do Islã. Mas este ano a tradição será restrita por causa da pandemia de Covid-19. Se em 2019 cerca de 2,5 milhões de pessoas foram até a cidade sagrada, este ano, menos de 10 mil foram autorizados.

Ritual da peregrinação anual a Meca, um dos cinco pilares do Islã, foi alterado pela pandemia de Covid-19.
Ritual da peregrinação anual a Meca, um dos cinco pilares do Islã, foi alterado pela pandemia de Covid-19. VIA REUTERS - SAUDI MINISTRY OF MEDIA
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Os fiéis muçulmanos selecionados para o Hajj (ou haje) terminaram, nesta terça-feira (28), a quarentena imposta antes de iniciarem sua peregrinação a Meca. Eles foram submetidos a exames médicos e colocados em isolamento quando chegaram à cidade no fim de semana. Suas malas foram desinfetadas e alguns receberam pulseiras eletrônicas para monitorar seus movimentos. 

Equipes trabalharam até o último momento para limpar e desinfetar os arredores da Caaba, a construção cúbica no coração da Grande Mesquita de Meca, para a qual os fiéis de todo mundo se voltam para orar. Quebrando a tradição, este ano os peregrinos não poderão tocar na Caaba para limitar o risco de infecção.

Cada um recebeu um kit contendo pedras esterilizadas para o ritual de apedrejamento de Satanás, desinfetantes, máscaras e um tapete de oração, além "ihram", traje imposto pelo Ministério de Hajj. Este ano, a imprensa estrangeira não foi autorizada a cobrir a cerimônia.

Apenas sauditas e estrangeiros residentes Arábia Saudita vão participar do ritual. As autoridades locais não revelaram detalhes sobre a escolha dos “eleitos”, que se inscreveram via internet. Sabe-se apenas que o número de escolhidos é entre mil e dez mil peregrinos e que todos deverão respeitar uma quarentena após o ritual.  

Impacto econômico

Cada peregrino normalmente gasta milhares de dólares no Hajj, mas, este ano, o governo saudita está cobrindo a maioria das despesas, incluindo acomodação e refeições. Em tempos normais, o Hajj e a Umra faturam cerca de US$ 12 bilhões por ano.

A "Umra", que foi suspensa em março, é a "pequena peregrinação" que normalmente atrai milhares de fiéis todos os meses. Já o Hajj, ocorre apenas uma vez ao ano, no início do mês lunar muçulmano de "du l-hiyya".

As restrições ligadas à peregrinação neste ano vão piorar a crise econômica do reino. A Arábia Saudita, que registrou cerca de 270.000 casos de infecção, uma das taxas mais altas do Oriente Médio, já enfrenta uma queda acentuada nos preços do petróleo, devido ao colapso da demanda global e às consequências da pandemia.

Um dos pilares do Islã

A peregrinação anual a Meca, cidade santa do oeste da Arábia Saudita, é um dos cinco pilares do Islã que todo fiel deve cumprir pelo menos uma vez na vida, se tiver os meios financeiros para isso. As outras obrigações ritualísticas definidas pela lei islâmica são professar a fé, a oração, o jejum e o zakat (caridade).

A peregrinação se inspira em uma tradição anterior ao Islã, que remonta a Abraão, patriarca bíblico venerado por muçulmanos, judeus e cristãos. O Hajj inclui diversas etapas codificadas.

A primeira delas é o "Ihram" (sacralização), quando o fiel deve se purificar ao se aproximam da Meca. Os peregrinos não podem usar perfume, nem cortar os cabelos e as unhas. Eles devem se abster de qualquer discussão e de relação sexual.

Quando chegam a Meca, acontece o "Tawaf", ritual que consiste em dar sete voltas na Caaba. Se for possível, toca e beija a pedra preta encrustada em uma das esquinas do monumento. Mas este ano essa parte do rito foi proibida.

Sacrifício de animais e apedrejamento de Satanás

O peregrino também deve fazer sete vezes o percurso entre Safa e Marwa - dois lugares próximos da Grande Mesquita, separados por cerca de 400 metros - seguindo os passos de Agar, segunda esposa do profeta Abraão. Essa etapa se chama “Sa'i” e depois dela, o fiel vai até o vale de Mina, 5 quilômetros ao leste, onde deve pernoitar.

No dia seguinte, todos convergem no Monte Arafat, também conhecido como Montanha da Misericórdia, ponto culminante da peregrinação. Foi no Monte Arafat que, segundo a tradição islâmica, o profeta Maomé pronunciou seu sermão de adeus aos muçulmanos que o acompanharam na peregrinação ao final de sua vida.

No cair da noite, os peregrinos se dirigem a Muzdalifa para se prepararem para o Eid al Adha, a Festa do Sacrifício, que consiste em imolar um animal em memória de Abraão. Em seguida, iniciam o apedrejamento das três colunas que representam o Diabo em Mina. Em 2015, uma explosão durante o ritual matou cerca de 2.300 peregrinos.

A visita à cidade de Medina, onde se encontra o mausoléu do profeta Maomé, é facultativa e pode ocorrer antes, ou depois, do Hajj.

(Com informações da AFP)

 

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