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Iraque: Equipes procuram desaparecidos após explosão que deixou mais de 60 mortos em hospital

Pelo menos 64 pessoas morreram vítimas da explosão seguida de um incêndio em um hospital de Nasiriya, no sul do Iraque, na noite de segunda-feira (12). Cerca de 100 ficaram feridas, mas as equipes de socorro continuam procurando possíveis sobreviventes sob os escombros. Esse é o segundo acidente em hospital iraquiano dedicado à Covid em apenas três meses.

O anexo do hospital Al-Hussein instalado em um hantar que acolhia doentes de Covid-19 foi parcialmente destruído.
O anexo do hospital Al-Hussein instalado em um hantar que acolhia doentes de Covid-19 foi parcialmente destruído. REUTERS - KHALID AL-MOUSILY
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A parte do hospital atingida pela explosão acolhia pacientes de Covid-19 e havia sido construída no ano passado em um antigo hangar ao lado do hospital Al-Hussein. A estrutura foi instalada às pressas por causa da pandemia e podia acomodar até 70 pessoas, mas não contava com um sistema de isolamento contra o fogo.

O incêndio, que segundo as autoridades locais foi provocado pela explosão de cilindros de oxigênio, se espalhou rapidamente sem dar chances para pacientes e visitantes escaparem. A destruição foi total. O teto desabou parcialmente e as paredes demoronaram.

“Os pacientes com coronavírus foram transferidos para o prédio principal do hospital Al-Hussein”, contou à RFI o diretor do Crescente Vermelho na cidade, Amer Al Khafaji. “Os demais pacientes foram levados para um outro hospital de Nasiriya”

Segundo ele, um dia após o incêndio, novas vítimas ainda podem surgir. “Algumas alas do hospital, principalmente as que acolhiam doentes em isolamento, ainda não foram vistoriadas. Ninguém entrou lá até agora. Então ainda podemos encontrar corpos de pessoas que morreram queimadas sob os escombros”, explicou Al Khafaji.

Um estado de emergência foi decretado nesta terça-feira (13) na província de Dhi Qar, da qual depende Nasiriya. Ambulâncias também foram enviadas de Basra, grande cidade vizinha, para ajudar nas operações.

Manifestações de moradores

Além das perdas humanas e materiais, a tragédia provocou manifestações violentas já na noite de segunda-feira, quando moradores saíram às ruas aos gritos de “os políticos estão nos queimando”. Dezenas de residentes bloquearam as entradas de vários hospitais com faixas que diziam: "Fechado por ordem do povo". Eles exigiam que os pacientes fossem encaminhados para uma instalação de 400 leitos construída pela Turquia e inaugurada em junho pelo primeiro-ministro Mustafa al Kadhimi, mas que segue inexplicavelmente vazia.

“O hospital Al-Hussein praticamente parou de funcionar, pois os manifestantes invadiram o prédio [principal] e começaram a quebrar tudo. Eles estão furiosos”, contou Al Khafaji à RFI.

O diretor do hospital Al-Hussein e o chefe regional de saúde foram destituídos de seus cargos por ordem do primeiro-ministro Mustafa al-Kazimi, mas essas medidas são consideradas insuficientes.

Cidade conhecida por protestos

Nasiriya é conhecida por protestos. A cidade foi o epicentro de um levante popular no final de 2019, quando os moradores foram às ruas contra a corrupção e a negligência do governo.

"Os políticos demonstraram mais uma vez sua incapacidade de administrar o país. Pulamos de tragédia em tragédia, a situação dos iraquianos piora a cada dia e ninguém é responsabilizado por isso", disse indignado à AFP Yaser al Barrak, professor da universidade de Di Car.

O incêndio do hospital Al-Hussein não é o primeiro. Em abril deste ano o fogo devastou um hospital que acolhia pacientes de Covid-19 na capital Bagdá. O acidente deixou mais de 80 mortos.

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