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Enterro de jornalista palestina morta em operação do exército israelense é marcado por violência

O funeral da jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh, que morreu na quarta-feira (11) com um tiro na cabeça durante uma operação militar israelense na Cisjordânia, foi realizado nesta sexta-feira (13) em Jerusalém. A cerimônia foi marcada por violência.

A guarda de honra palestina carrega o caixão da jornalista Shireen Abu Akleh durante o funeral nacional em Ramallah, na Cisjordânia, em 13 de maio de 2022.
A guarda de honra palestina carrega o caixão da jornalista Shireen Abu Akleh durante o funeral nacional em Ramallah, na Cisjordânia, em 13 de maio de 2022. © Maya Levin - AP
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O tumulto começou quando a polícia israelense quis dispersar uma multidão concentrada na porta do Hospital São José, onde se encontrava o caixão da jornalista. 

Imagens transmitidas pela Palestine TV mostram que o féretro quase caiu no chão, enquanto os policiais tentavam dispersar, de maneira violenta, as pessoas que carregavam bandeiras palestinas. 

O corpo foi finalmente transportado para a Cidade Velha onde foi celebrada uma missa antes do enterro em um cemitério próximo. 

O funeral da jornalista acontece em meio à escalada de violência, após novos enfrentamentos no campo de refugiados de Jenin, onde Abu Akleh foi baleada. Um palestino ficou ferido em uma nova operação do exército israelense no local, de acordo com a agência de notícias oficial palestina Wafa. 

Milhares de pessoas eram esperadas para o funeral e, como medida de prevenção, a polícia de Israel mobilizou agentes adicionais e fechou ruas e estradas. 

Jerusalém reforçou a presença policial prevendo distúrbios no enterro da jornalista palestina Shireen Abu Akleh, morta com uma bala na cabeça em Jenin, na Cisjordânia, em 11 de maio de 2022.
Jerusalém reforçou a presença policial prevendo distúrbios no enterro da jornalista palestina Shireen Abu Akleh, morta com uma bala na cabeça em Jenin, na Cisjordânia, em 11 de maio de 2022. REUTERS - AMMAR AWAD

Homenagens e comoção

Milhares de palestinos já renderam homenagem a Abu Akleh na quinta-feira, durante uma cerimônia oficial em Ramallah, sede da Autoridade Palestina na Cisjordânia.  

A jornalista era correspondente do canal de televisão  Al Jazeera e cobria uma operação militar em um campo de refugiados em Jenin, na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967. Quando foi atingida, ela usava um colete à prova de balas onde estava escrito "imprensa" e um capacete. 

O anúncio da morte causou comoção entre palestinos e no mundo árabe, mas também na Europa e nos Estados Unidos. 

Vários protestos foram registrados nos territórios palestinos e uma rua de Ramalá foi rebatizada com o nome de Abu Akleh. 

Provas e investigação

O exército israelense realizou várias operações nas últimas semanas no campo de refugiados de Jenin, reduto das facções armadas palestinas no norte da Cisjordânia, onde estariam os autores de atentados recentes em Israel. 

Logo após a morte da jornalista, Al Jazeera acusou as forças armadas israelenses de matá-la "deliberadamente" e a "sangue frio". O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, sugeriu que "provavelmente" ela havia sido morta por disparos palestinos. Mas algumas horas depois, o ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, disse que o exército "não tinha certeza de como ela foi assassinada" e que "poderia ter sido um palestino que atirou (…) O tiro também pode ter sido de nosso lado, estamos investigando", acrescentou. Mas testemunhas presentes, entre elas, um fotógrafo da AFP, afirmam que não viram soldados palestinos no lugar onde a jornalista foi assassinada. 

"Precisamos de provas forenses" dos palestinos, incluindo a bala que matou Abu Akleh, para realizar uma análise "completa" da situação, acrescentou Gantz, que propôs uma investigação conjunta. 

A Autoridade Palestina, dirigida por Mahmoud Abbas, recusou a ideia de uma investigação conjunta com Israel, acusando o Exército israelense de ter matado a jornalista. Abbas também disse que queria levar o caso à Corte Penal Internacional. 

Os Estados Unidos condenaram a morte da jornalista. A ONU e a União Europeia e a organização independente Repórteres sem fronteiras pediram uma investigação independente. 

Jornalistas alvo de ataques

De acordo com a organização, jornalistas palestinos são alvos frequentes do exército israelense e o caso de Abu Akleh é o mais recente de uma "série preocupante".

"Em 25 de abril de 2018, o jornalista palestino Ahmed Abu Hussein da Radio Sawt al Shabab morreu vítima dos ferimentos que sofreu. Yaser Murtaja, jornalista fundador da agência independente Ain Media, morreu com um tiro", escreve a RSF em seu site. 

Os dois jornalistas foram atingidos quando cobriam a "manifestação da volta", um movimento de protesto civil lançado em 30 de março de 2018 na faixa de Gaza para pedir o direito à volta de refugiados palestinos. 

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