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Austrália pagará € 555 milhões à empresa francesa Naval Group por romper contrato de submarinos

A Austrália anunciou neste sábado (11) um acordo de compensação milionário com o fabricante francês de submarinos Naval Group. A decisão coloca um ponto final ao conflito que desestabilizou as relações diplomáticas entre Canberra e Paris durante um ano. 

Antes da quebra do contrato, a empresa francesa Naval Group deveria produzir doze submarinos convencionais, movidos a diesel e à eletricidade, para a Austrália.
Antes da quebra do contrato, a empresa francesa Naval Group deveria produzir doze submarinos convencionais, movidos a diesel e à eletricidade, para a Austrália. REUTERS/Benoit Tessier
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O novo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou que a empresa francesa aceitou um pagamento "justo e equitativo" de € 555 milhões pela ruptura do contrato de € 56 bilhões de euros em 2021. A crise entre os dois países teve início quando a Austrália decidiu adquirir, no ano passado, submarinos americanos ou britânicos de propulsão nuclear, desrespeitando o compromisso negociado durante cerca de dez anos com a França. 

O ministro francês das Forças Armadas, Sébastien Lecornu saudou a compensação neste sábado, afirmando que ela é importante para abrir um novo capítulo das relações bilaterais entre a França e a Austrália. A empresa Naval Group também celebrou em um breve comunicado o anúncio, que chamou de "justo", sem mencionar o valor da indenização.

Relações congeladas

Em setembro de 2021, o então primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, rompeu repentinamente um contrato negociado há anos com o Naval Group para produzir doze submarinos movidos a diesel e eletricidade. Na época, Canberra justificou a aquisição de submarinos britânicos ou americanos de propulsão nuclear apontando para a escassa capacidade atômica da Austrália.

A decisão teve forte repercussão até mesmo na alta cúpula do governo da França. A quebra do contrato chegou a irritar o presidente francês, Emmanuel Macron, que acusou Morrison de mentir. As relações ficaram congeladas até maio deste ano, quando o progressista Anthony Albanese foi eleito primeiro-ministro da Austrália e resolveu dar um novo rumo à questão. 

"Estamos estabelecendo uma relação melhor entre a Austrália e a França", disse Albanese depois de conversar com Macron sobre o acordo. "Pretendo aceitar o convite do presidente Macron para visitar Paris na primeira oportunidade", acrescentou, sinalizando uma reaproximação entre os dois países.

Desde que chegou ao poder, Albanese vinha trabalhando para corrigir as relações tensas de seu antecessor com a França, a Nova Zelândia ou com os países insulares do Pacífico, descontentes com os escassos compromissos no meio ambiente do conservador Morrison. Albanese não escondeu o prejuízo que a postura do ex-premiê trará aos australianos: o rompimento do pacto com a Naval Group custará 3,4 bilhões de dólares australianos aos contribuintes (quase € 2,3 bilhões).

Temor da China

O novo premiê também adotou medidas para tentar organizar a primeira reunião ministerial com a China em dois anos. A iniciativa é tomada após uma série de disputas políticas e comerciais do governo anterior com o gigante asiático. 

A crescente ambição de Pequim sob o comando de Xi Jinping explica a corrida da Austrália para melhorar suas capacidades militares, um esforço no qual os submarinos são fundamentais. Com os navios de propulsão nuclear fornecidos por Estados Unidos ou o Reino Unido, a Austrália poderá operar com mais sigilo e terá uma capacidade dissuasão muito maior frente a Pequim.

Mas a implementação não será rápida. Os primeiros submarinos levarão décadas para se tornarem operacionais, deixando uma longa lacuna nas capacidades australianas, que conta atualmente com uma frota envelhecida.

(Com informações da AFP

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