Acessar o conteúdo principal

Aiatolá Khamenei acusa EUA e Israel por protestos no Irã após morte de Mahsa Amini

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, acusou nesta segunda-feira (3) os Estados Unidos e Israel de fomentar a onda de distúrbios e protestos no país, após a morte de Mahsa Amini. A jovem curda, de 22 anos, morreu em 16 de setembro, após ser detida três dias antes pela polícia da moral em Teerã por utilizar o véu muçulmano, obrigatório no país para as mulheres, de maneira "inadequada".

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, acusou nesta segunda-feira os Estados Unidos e Israel de fomentar a onda de distúrbios e protestos no país após a morte de Mahsa Amini.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, acusou nesta segunda-feira os Estados Unidos e Israel de fomentar a onda de distúrbios e protestos no país após a morte de Mahsa Amini. AP
Publicidade

A morte de Mahsa Amini gerou a atual onda de protestos, que se espalhou por várias regiões do Irã e entrou em sua terceira semana, tornando-se a mais importante na República Islâmica desde 2019, quando foi provocada pela alta dos preços da gasolina.

O movimento de protesto, que já deixou pelos menos 92 vítimas até agora, envolveu estudantes, que entraram em confronto com as forças de segurança na principal universidade científica iraniana, em Teerã.

Hoje, Khamenei, 83, acusou os Estados Unidos e Israel de fomentar a agitação. "Digo claramente que esses distúrbios e a insegurança foram organizados pelos Estados Unidos e pelo falso regime sionista de ocupação, bem como seus agentes, com a ajuda de alguns iranianos traidores no exterior", declarou o guia supremo em seu primeiro comentário público sobre o tumultos provocados pela morte de Amini.

Polícia iraniana usou bombas de gás lacrimogênio para dispersar participantes de um protesto na universidade de Teerã neste sábado (1°).
Polícia iraniana usou bombas de gás lacrimogênio para dispersar participantes de um protesto na universidade de Teerã neste sábado (1°). AP

"Mulher, vida, liberdade" 

Estudantes iranianos enfrentaram as forças de segurança na principal universidade científica do Irã, em Teerã, na onda de protestos desencadeada pela morte da jovem Mahsa Amini, informaram nesta segunda-feira (3) uma agência local e grupos de defesa dos direitos humanos.

De acordo com a agência Mehr, quase 200 estudantes se reuniram na Universidade Tecnológica de Sharif no domingo (2) e gritaram frases contra o sistema religioso que vigora na República Islâmica, incluindo "Mulher, vida, liberdade" e "Os estudantes preferem a morte à humilhação".

A agência informou que eles protestavam contra a morte de Amini e contra a detenção de estudantes durante as manifestações das últimas semanas. A polícia utilizou armas de paintball e gás lacrimogêneo contra os estudantes Os agentes também carregavam armas que atiram balas de aço não letais, indicou a Mehr.

 A ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, divulgou um vídeo que mostra policiais em motos perseguindo estudantes em um estacionamento. Outra gravação mostra os agentes levando os detidos com as cabeças cobertas com sacos.

Em outro vídeo, tiros e gritos são ouvidos enquanto um grande número de pessoas corre pela rua à noite, imagens que não foram verificadas com fontes independentes.

"Forças de segurança atacaram Universidade Tecnológica de Sharif em Teerã esta noite. Tiros foram ouvidos", afirmou o IHR no Twitter. Em outro vídeo que o IHR diz ter sido gravado em uma estação de metrô de Teerã, uma multidão grita: "Não tenha medo, não tenha medo! Estamos todos juntos!"

O grupo 'Human Rights in Iran', com sede em Nova York, afirmou que está "extremamente preocupado com os vídeos procedentes da Universidade Sharif e de Teerã (...) que mostram uma violenta repressão dos protestos e detidos sendo transferidos com as cabeças totalmente cobertas".

Também foram registrados protestos em outras universidades, como a de Ispahan, 400 km ao sul de Teerã. A agência Mehr afirmou que "a Universidade Tecnológica de Sharif anuncia que, devido aos acontecimentos recentes e à necessidade de proteger os estudantes, todas as aulas acontecerão de maneira virtual a partir de segunda-feira".

Desde que os protestos explodiram em 16 de setembro, dezenas de manifestantes morreram e mais de mil foram detidos. Entre as vítimas fatais também estão integrantes das forças de segurança.

Líder Supremo Ayatollah Ali Khamenei, centro, ouve o chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas, General Mohammad Hossein Bagheri, em uma cerimônia de formatura de um grupo de cadetes das forças armadas na academia de polícia em Teerã, Irã, segunda-feira, 3 de outubro de 2022.
Líder Supremo Ayatollah Ali Khamenei, centro, ouve o chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas, General Mohammad Hossein Bagheri, em uma cerimônia de formatura de um grupo de cadetes das forças armadas na academia de polícia em Teerã, Irã, segunda-feira, 3 de outubro de 2022. AP

Estrangeiros detidos

Uma jovem italiana está entre os estrangeiros detidos no Irã após a onda de protestos desencadeada pela morte de Mahsa Amini, denunciaram seus pais nesta segunda-feira na imprensa italiana.

Eles pedem ajuda para conseguir sua libertação. "Fui presa, estou em uma prisão em Teerã. Por favor, me ajudem", implorou Alessia Piperno durante uma breve conversa telefônica com seus pais no domingo, informou o jornal Il Messaggero.

Na sexta-feira, as autoridades iranianas anunciaram a prisão de nove estrangeiros no contexto dos protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.