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Reabertura de ponte entre Tailândia e Mianmar preocupa exilados políticos

A principal ponte que liga a Tailândia a Mianmar foi reaberta nesta quinta-feira (12) na cidade tailandesa de Mae Sot, após três anos de fechamento motivado pela pandemia de Covid-19, mas também pelo golpe militar contra o governo de Aung San Suu Kyi, em 1º de fevereiro de 2021. O que pode ser uma boa notícia para a economia local é recebido com apreensão pelos dissidentes birmaneses exilados na Tailândia.

Exilados que fugiram do confronto entre o exército de Mianmar e rebeldes de minorias étnicas comem em um abrigo temporário no distrito de Mae Sot, província de Tak, Tailândia, em 18 de dezembro de 2021.
Exilados que fugiram do confronto entre o exército de Mianmar e rebeldes de minorias étnicas comem em um abrigo temporário no distrito de Mae Sot, província de Tak, Tailândia, em 18 de dezembro de 2021. REUTERS - ATHIT PERAWONGMETHA
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Carol Isoux, enviada especial da RFI a Mae Sot

Os primeiros visitantes chegaram a pé ou de carro pela chamada "Ponte da Amizade", sobre o rio Moei, que marca a fronteira entre a Tailândia e Mianmar.

A reabertura é recebida como um alívio para o setor empresarial da região, que realiza atividades de importação e exportação transfronteiriças, e que agora podem finalmente ser retomadas. Mas, para os milhares de ativistas birmaneses, há grande preocupação de que essa medida incentive a chegada de informantes do regime militar de Naipidau e ponha em risco uma segurança já bastante precária do lado tailandês.

Um exilado político, que foi assistir à reabertura da ponte, declarou à RFI que este tipo de normalização do fluxo na fronteira entre os dois países deveria vir acompanhado de compromissos políticos da junta militar.

Refugiados birmaneses instalados provisoriamente na margem do rio Moei, na fronteira Tailândia-Mianmar, em Mae Sot, Tailândia, em 7 de janeiro de 2022.
Refugiados birmaneses instalados provisoriamente na margem do rio Moei, na fronteira Tailândia-Mianmar, em Mae Sot, Tailândia, em 7 de janeiro de 2022. REUTERS - ATHIT PERAWONGMETHA

“Eles estão reabrindo a ponte, tudo bem. De um lado, é uma boa notícia. Mas não há nenhuma mudança em torno disso. Então, nós ‘ficamos felizes’, mas, na verdade, estamos muito preocupados. Nós não concordamos que a ponte seja reaberta sem que haja nenhum comprometimento por parte dos militares. Precisamos de mudanças reais”, enfatiza o dissidente.

Desde o golpe de 1º de fevereiro de 2021, dezenas de milhares de birmaneses migraram e se instalaram na cidade fronteiriça de Mae Sot, sem documentos e sem empregos, à espera de uma mudança de regime que os permitiria voltar para casa.

Reação internacional

No final do ano passado, os Estados Unidos e a União Europeia fizeram fortes críticas à condenação de Aung San Suu Kyi, antiga líder política de Mianmar, a 33 anos de prisão. Ela está presa há quase dois anos, desde o golpe de 2021.

Dias antes do posicionamento dos EUA e UE, o Conselho de Segurança das Nações Unidas votou, pela primeira vez desde o golpe, uma resolução sobre a situação em Mianmar exigindo a libertação de San Suu Kyi.

O golpe de Estado levou o país a uma onda de protestos sem precedentes por meses, sendo violentamente reprimida pela junta militar. De acordo com uma ONG local, mais de 2,3 mil civis morreram nas mãos das forças de segurança desde então.

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