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Rebelião de grupo Wagner na Rússia expõe poder de mercenários no mundo

A tentativa de rebelião do grupo Wagner na Rússia ainda estampa a capa dos principais jornais franceses nesta terça-feira (27). O Libération destaca como o Kremlin depende deste grupo na África, o diário Le Figaro expõe o bilionário mercado de mercenários, enquanto o Le Parisien enfatiza como esta crise deixa expostas as falhas do exército russo.

Policiais russos montam guarda do lado de fora do escritório Wagner Center em São Petersburgo, Rússia, em 24 de junho de 2023.
Policiais russos montam guarda do lado de fora do escritório Wagner Center em São Petersburgo, Rússia, em 24 de junho de 2023. REUTERS - ANTON VAGANOV
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Apesar da rebelião que se formou na Rússia de sexta-feira (23) para sábado (24) ter sido abortada, Moscou não deverá se privar de sua "ferramenta de influência preferida" sobre o continente africano, avalia o Libération, que afirma que o grupo de segurança e desinformação fundado por Iêvgueny Prigojin poderá, no entanto, perder sua autonomia.

O artigo descreve como a revolta do chefe do grupo paramilitar contra o Kremlin foi acompanhada com surpresa e apreensão pelos dirigentes de alguns países da África. Desde 2017, o Wagner virou o braço direito de Moscou no continente, contribuindo para a presença russa na África Central, na Líbia, no Sudão, em Moçambique (onde não está mais presente), e no Mali.

Mercenário e agente de desinformação

O texto ainda acrescenta que, nestes países, o grupo Wagner atua como mercenário, mas também como agente de desinformação para alguns Estados e contratantes específicos. Em alguns países, como na África Central, onde estariam presentes de mil a 1,5 mil combatentes, sua influência interfere na economia, nas mídias e até nas mais altas esferas políticas.

Já o Le Figaro analisa a presença e a relevância que grupos mercenários como o Wagner ganham em todo o mundo, afirmando que este "mercado" movimenta mais de US$ 200 bilhões.

O diário entrevista o especialista Kamal Redouani, que afirma que sociedades militares privadas (SMP), como Black Shield, Sadat e Blackwater nunca foram tão numerosas, e destaca o interesse de muitos governos que os contratam.

O documentarista afirma que em 20 anos não houve uma única guerra no mundo árabe, que ele tenha acompanhado, que não tenha tido uma expressiva participação de mercenários.

"Exército sem bússola"

Uma foto de um soldado com ar perdido ilustra a capa do Le Parisien, que se refere à Rússia como "um exército sem bússola", quando a tentativa de rebelião do grupo de Prigojin expôs a desorganização das tropas de Moscou sob as ordens de um comandante equivocado, além das dificuldades de recrutamento e de reabastecimento.

A crise teria revelado as fragilidades do sistema de defesa do Kremlin, afirma o diário da capital francesa.

Em sua matéria de capa, o Le Monde também insiste que, mesmo se o Kremlin renunciou a perseguir os insurgentes, as repercussões deste episódio são muito difíceis de serem medidas.

O jornal tenta avaliar ainda quais serão as consequências desta ameaça de rebelião para a guerra na Ucrânia.

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