Acessar o conteúdo principal

Atrizes sem véu são proibidas de trabalhar no Irã e punidas em Israel por posicionamento sobre Gaza

As autoridades iranianas disseram nesta quarta-feira (25) que pelo menos 12 atrizes foram proibidas de trabalhar por aparecerem em público sem usar o véu, que é obrigatório na República Islâmica. Já em Israel, uma atriz famosa foi presa e mantida sob custódia por se manifestar a favor dos palestinos da Faixa de Gaza.

Taraneh Alidoosti, ao centro, posa para fotógrafos na chegada à estreia do filme 'Leila's Brothers' no 75º festival internacional de cinema, Cannes, sul da França, quarta-feira, 25 de maio de 2022. Ela é uma das atrizes impedidas de trabalhar por não usar o véu islâmico.
Taraneh Alidoosti, ao centro, posa para fotógrafos na chegada à estreia do filme 'Leila's Brothers' no 75º festival internacional de cinema, Cannes, sul da França, quarta-feira, 25 de maio de 2022. Ela é uma das atrizes impedidas de trabalhar por não usar o véu islâmico. AP - Daniel Cole
Publicidade

"Aqueles que não respeitam a lei não podem trabalhar", declarou o Ministro da Cultura e Orientação Islâmica, Mohammad Mehdi Esmaeili, após o Conselho de Ministros do Irã.

Ao fazer isso, ele confirmou os comentários feitos no dia anterior por um funcionário da indústria cinematográfica, Habib Il Beigi, de que mais de 12 atrizes não tinham mais permissão para filmar por não cumprirem a lei do hijab [expressão que dá nome à "guerra santa" contra os infieis não-alinhados ao Islã].

"Elas não podem mais atuar em um novo filme", disse ele, acrescentando, no entanto, que os filmes em que elas já haviam atuado poderiam ser lançados para não afetar financeiramente as empresas produtoras.

Várias atrizes e celebridades apareceram de cabeça descoberta nas redes sociais desde o movimento de protesto desencadeado pela morte, em 16 de setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que morreu depois de ser presa por não cumprir o rigoroso código de vestimenta do Irã.

As atrizes proibidas de trabalhar incluem Taraneh Alidoosti, Katayoun Riahi e Fatemeh Motamed-Aria, de acordo com o site do jornal Hamshahri.

Taraneh Alidoosti, que foi presa por um breve período em 2022, é uma das atrizes mais famosas que ainda vivem no Irã. Tendo filmado para o diretor Asghar Farhadi, entre outros, ela postou uma foto de si mesma descalça e uma mensagem em curdo nas redes sociais em apoio ao movimento Mulheres pela Liberdade de Vida.

Várias centenas de pessoas, incluindo membros das forças de segurança, foram mortas durante os protestos no final de 2022. Outros milhares foram presos por participarem de manifestações descritas pelas autoridades como "tumultos" organizados por países ocidentais.

Israel: atriz presa por publicação sobre Gaza

Uma conhecida atriz árabe israelense foi presa e mantida sob custódia sob suspeita de "incitação ao terrorismo" por uma postagem no Facebook sobre o ataque do Hamas palestino a Israel, disseram a polícia e seus advogados na terça-feira.

A artista, Maisa Abdel Hadi, que mora na cidade de Nazaré, no norte do país, foi presa na segunda-feira e mantida sob custódia policial até quarta-feira por ter, segundo a polícia, postado em sua página no Facebook uma foto de uma escavadeira rompendo a cerca entre a Faixa de Gaza e Israel no início do ataque do Hamas, que, segundo as autoridades, matou mais de 1.400 pessoas, a maioria civis.

"Vamos fazer isso no estilo de Berlim", escreveu ela na foto, em alusão à queda do Muro de Berlim que separava as duas Alemanhas em 1989. "Ela é acusada de apoiar o terrorismo", disse Jaafar Farah, diretor da associação de direitos humanos Mousawat (Igualdade), um dos advogados da associação está representando a atriz de 38 anos, que participou de várias séries de TV, filmes e peças de teatro.

De acordo com inúmeros testemunhos e com a polícia israelense, membros da minoria árabe de Israel e palestinos de Jerusalém Oriental foram demitidos, expulsos de suas universidades ou presos por publicações em redes sociais expressando sua solidariedade com a Faixa de Gaza desde o início da guerra desencadeada pelo ataque do movimento islâmico palestino.

Os árabes israelenses, que constituem um quinto da população israelense, são descendentes dos palestinos que permaneceram em suas terras quando o Estado de Israel foi criado e imposto em 1948.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.