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“Matar crianças não está na Torá”, diz Erdogan na Alemanha sobre ação de Israel em Gaza

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta sexta-feira (17) que "matar crianças não está na Torá", em referência aos civis mortos nos bombardeios do exército israelense em Gaza, após o ataque do Hamas em 7 de outubro.

O presidente, Recep Tayyip Erdogan, ao lado do chanceler alemão Olaf Scholz, em Berlim, em 17 de novembro de 2023.
O presidente, Recep Tayyip Erdogan, ao lado do chanceler alemão Olaf Scholz, em Berlim, em 17 de novembro de 2023. REUTERS - LIESA JOHANNSSEN
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"Bombardear hospitais ou matar crianças não está na Torá. Não se pode fazer isso", disse o chefe de Estado turco. Ele também afirmou "ser um líder na luta contra o antissemitismo", durante uma entrevista coletiva com o chanceler alemão Olaf Scholz em Berlim.

"Para nós, não deve haver discriminação entre judeus, cristãos e muçulmanos na região. Sou o primeiro a liderar a luta contra o antissemitismo no mundo", disse ele em resposta a críticas ao bombardeio do exército israelense em Gaza, após o ataque mortal de 7 de outubro pelo Hamas. Erdogan voltará ainda nesta noite à Turquia.

Mais cedo, durante o seu encontro com o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, em Berlim, Erdogan destacou a necessidade de colocar um fim "aos ataques de Israel" em Gaza, segundo um comunicado da presidência turca. "O presidente Erdogan disse que os bombardeios de Israel aos territórios palestinos devem ser interrompidos. A preocupação internacional com as violações dos direitos humanos é importante", sublinhou a nota.

Steinmeier, por sua vez, frisou nesta sexta-feira o "direito de Israel de existir e de se defender" durante a reunião com Erdogan  que, recentemente, questionou a legitimidade do Estado judeu. Dadas as recentes declarações vindas da Turquia, o presidente "declarou claramente a posição alemã", disse sua porta-voz em sua conta X (ex-Twitter).

Esta é a primeira visita de Erdogan à Alemanha desde 2020. Ele foi mediador nos primeiros dias do conflito provocado pelo ataque do Hamas a Israel, mas passou a defender a causa do movimento islâmico quando o Exército israelense lançou bombardeios na Faixa de Gaza, que já deixaram mais de 11.000 palestinos mortos, a maioria civis, de acordo com o Hamas.

"Os ataques de Israel devem parar", disse ele em Berlim durante sua conversa com Steinmeier, pedindo um "cessar-fogo" imediato, segundo a presidência turca.

Estado terrorista

Dois dias antes de sua visita a Berlim, Erdogan chamou Israel de "Estado terrorista" diante de parlamentares turcos. Mais cedo, ele disse que a legitimidade do Estado de Israel foi "questionada por causa de seu próprio fascismo", declarações que chocaram a Alemanha. Olaf Scholz as chamou de "absurdas".

Associações judaicas e da oposição, exigiram o adiamento ou cancelamento de sua visita, que estava planejada há vários meses. O chanceler havia convidado Erdogan para visitar o país após sua reeleição em maio. Apesar da pressão, o governo nunca cogitou cancelar o encontro. "A diplomacia às vezes exige ter que conversar com parceiros difíceis com quem temos que nos explicar", justificou o porta-voz da chanceler Annalena Baerbock, Steffen Hebestreit.

Interlocutor essencial

Embora Erdogan tenha mantido a linha autoritária que adotou desde a tentativa de golpe contra seu governo em 2016, sua crescente influência geopolítica o torna um interlocutor essencial para Berlim.

Na guerra na Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia, Erdogan obteve o acordo que garante a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro. Para as potências ocidentais, há um papel importante a ser desempenhado no conflito no Oriente Médio e na libertação dos reféns israelenses mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza, o que, segundo a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, torna o diálogo ainda "mais importante e urgente".

A Alemanha, e a UE como um todo, também precisa que Erdogan renove o pacto assinado em 2016 para conter a chegada de migrantes, enquanto a Europa vive uma nova onda de chegadas do Afeganistão ou da Síria. Isso está alimentando o crescimento da extrema direita nas pesquisas de opinião, particularmente na Alemanha.

O presidente turco, por sua vez, poderia discutir a compra planejada de 40 caças Eurofighter Typhoon durante as negociações. Reino Unido e Espanha são a favor e tentam "convencer" a Alemanha, que está envolvida em sua produção e cujo acordo é essencial, disse o ministro da Defesa turco nesta quinta-feira.

(Com informações da AFP)

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