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Emoção marca retorno de reféns israelenses e prisioneiros palestinos às suas casas

O retorno às suas casas de reféns israelenses recém-libertados pelo Hamas, assim como de prisioneiros palestinos soltos por Israel, de acordo com os termos do acordo de trégua mediado pelo Catar, com o apoio dos Estados Unidos e do Egito, é registrado em reportagens da imprensa francesa. Militares israelenses pediram às vítimas que não divulgassem informações sobre o período de cativeiro na Faixa de Gaza, mas alguns relatos vazaram desde as primeiras liberações na sexta-feira (24).

Mehav Ravi, uma prima da refém Keren Munder, solta pelo Hamas junto com seu filho de 9 anos.
Mehav Ravi, uma prima da refém Keren Munder, solta pelo Hamas junto com seu filho de 9 anos AFP - JAVIER SORIANO
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A israelense Mehav Ravi, prima da refém Keren Munder, solta pelo Hamas junto com seu filho de 9 anos, Ohad, e com a mãe Ruthi, contou que os três não foram torturados ou maltratados, mas alguns dias não tinham nada para comer.

Às vezes, os reféns precisavam esperar entre uma hora e meia a duas horas entre o momento em que pediam para ir ao banheiro e quando eram autorizados a fazê-lo. A família não sabe dizer onde ficou sequestrada na Faixa de Gaza, escreve o jornal francês Libération, a partir de reportagens publicadas na imprensa israelense.

Em um depoimento, uma das familiares das vítimas conta ter ouvido da prima sequestrada que os homens que vigiavam o cativeiro ficavam com seus rostos descobertos e ameaçavam cortar o pescoço dos reféns, passando o polegar pela região da garganta.

O pai de Keren, Abraham, permanece nas mãos de combatentes do Hamas e nunca esteve junto da mulher, da filha e do neto no mesmo cativeiro. O irmão de Keren, Roy, foi morto durante o ataque terrorista de 7 de outubro. 

O diário Le Figaro acrescenta que as duas mulheres e o menino não dormiam em camas no cativeiro, mas em três cadeiras enfileiradas uma do lado da outra. Quando havia comida, eles se alimentavam com arroz e pão. 

O jornal francês também relata o retorno de prisioneiros palestinos à Cisjordânia, libertados na troca de reféns do Hamas. "Desde sexta-feira, o campo de refugiados de Balata, em Nablus, um reduto da luta armada, acolhe com orgulho os seus prisioneiros libertados das prisões israelenses", descreve o Le Figaro. Balata é o campo de refugiados mais populoso da Cisjordânia. Construído para 5.000 pessoas em 1948, o local agora abriga cerca de 30 mil palestinos.

Prisioneiras palestinas libertadas são recebidas como heroínas

O diário detalha o caso da palestina Aseel al-Titi, de 23 anos. Detida em outubro de 2022, ela foi acusada de esfaquear um soldado israelense. Libertada junto com outros 38 prisioneiros, ela foi recebida em casa como se fosse uma heroína. A família de Aseel teve vários combatentes mortos pelo Exército de Israel. As fotografias desses "mártires" ficam expostas nas paredes da sala, ao lado da bandeira verde do Hamas.

Ao retornar para casa, a palestina conheceu o mais novo membro da família, uma sobrinha recém-nascida. A bebê nasceu em 7 de outubro, dia do massacre perpetrado pelo Hamas em Israel, e foi batizada de Tufan al-Aqsa, em memória à "Inundação de al-Aqsa", como foi denominada a operação do grupo terrorista que matou mais de 1.200 civis em localidades do sul de Israel.

O portal de notícias France Info mostra o reencontro de Shorouq Dwayyat com sua mãe, Samira. A família palestina vive em Sur Baher, um bairro da cidade velha de Jerusalém. Ao rever a mãe, familiares e vizinhos, ela diz que mal pode acreditar que está livre novamente.

Em 2015, Shorouq foi condenada a 16 anos de prisão. Na época, ela tinha 18 anos e foi atacada por um colono israelense. Na versão da ex-detenta, ela se debateu, o homem sacou uma arma e atirou, ferindo a jovem. No entanto, a palestina foi acusada de querer esfaquear o israelense. "Hoje, ela não quer mais falar sobre o assunto", diz a reportagem do site francês.

Shorouq insiste nas condições das mulheres presas desde 7 de outubro. "Está ficando cada vez pior. Os guardas entram em nossas celas todos os dias, não respeitam nossa privacidade, nos batem. A nova política deles é reduzir a alimentação. Eles até jogam gás lacrimogêneo na gente. Honestamente, eles nos tratam sem qualquer humanidade”, relata a ex-prisioneira ao portal francês.

Livre, Shorouq pensa especialmente em Shatila Abu Ayadeh, sua companheira de cela, uma palestina cidadã de Israel. Ela não está na lista de trocas prevista pelo acordo, assim como milhares de palestinos que cumprem penas de prisão em Israel

Israel e o Hamas tentam prolongar a trégua em Gaza. Desde sexta-feira (24), primeiro dia da trégua de quatro dias, 39 reféns israelenses foram libertados, bem como 117 prisioneiros palestinos. Outros 19 reféns foram deixaram o cativeiro em Gaza fora desse acordo, a maioria deles tailandeses que trabalhavam em Israel. Nesse caso, a libertação ocorreu por uma articulação diplomática do Irã.

Nesse mesmo período, 248 caminhões carregados com comida, medicamentos e um pouco de combustível conseguiram entrar na Faixa de Gaza. Mas, segundo a ONU, são necessários 200 caminhões por dia durante pelo menos dois meses para satisfazer as necessidades” da população palestina.

Em certas áreas do território em guerra, não há mais “ água potável nem comida”, de acordo com funcionários da ONU que atuam no enclave.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, defendeu nesta segunda-feira (27) a prorrogação da trégua, para que se torne "sustentável e duradoura", enquanto se trabalha para alcançar uma solução política para o conflito. 

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