Ataque de grupo extremista sunita contra delegacia no Irã deixa mortos e feridos

O grupo extremista sunita Jaish al-Adl (que significa “Exército de Justiça” em árabe) atacou uma delegacia de polícia na província de Sistão-Baluchistão, nesta sexta-feira (15), localizada no sudeste do Irã, na fronteira com o Paquistão. O ataque deixou pelo menos doze mortos entre policiais e agressores.   

Zahedan, capital da província do Sistão-Baluchistão. CarteDK/RFI

Siavosh Ghazi, correspondente da RFI em Teerã,

O ataque aconteceu durante a noite e durou várias horas. Em um vídeo publicado pela mídia iraniana é possível ouvir o tiroteio no entorno deste posto de comando policial, nesta pequena cidade quase na fronteira com o Paquistão. 

Este é o maior ataque realizado pelos extremistas do Jaish al-Adl nesta província, nos últimos anos. O grupo realiza regularmente ataques contra autoridades policiais em cidades que fazem fronteira com o Paquistão, como o Sistão-Baluchistão, região que tem uma grande comunidade sunita. 

O Irã acusa o Paquistão de acolher os radicais do Jaish al-Adl, formado em 2012 por antigos membros de outro grupo extremista sunita, o Joundallah, que significa “soldados de Deus”.  

O Joundallah realizou ações sangrentas na província do Sistão-Baluchistão entre 2005 e 2010. O seu líder, Abdolmalek Righi, foi preso em 2010 durante uma operação. 

A província do Sistão-Baluchistão tem sido palco de manifestações contra o poder desde a morte da jovem iraniana Mahsa Amini, em setembro de 2022, durante a sua detenção pela polícia de costumes do Irã por não cumprimento do código de vestimenta exigido para mulheres neste país muçulmano. 

O principal líder religioso sunita da província, Molavi Abdol-Hamid, faz discursos particularmente violentos contra o governo, todas as sextas-feiras, após orações coletivas. Muitos opositores, mas também estudantes religiosos sunitas, foram detidos nos últimos meses pela polícia desta província.