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Conselho de Segurança da ONU exige entrega “em grande escala” de ajuda humanitária a Gaza

Após sucessivos adiamentos consecutivos, o Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira (22), em Nova York, uma resolução exigindo a entrega “em grande escala” de ajuda humanitária a Gaza, sem apelar a um cessar-fogo, proposta que os norte-americanos não queriam, apesar da pressão internacional. 

Sala do Conselho de Segurança da ONU antes da reunião sobre a situação no Oriente Médio e a questão palestina, na sede da ONU, em Nova York. Em 22 de dezembro de 2023.
Sala do Conselho de Segurança da ONU antes da reunião sobre a situação no Oriente Médio e a questão palestina, na sede da ONU, em Nova York. Em 22 de dezembro de 2023. AFP - CHARLY TRIBALLEAU
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O conteúdo desta resolução foi objeto de intensa discussão e resulta de uma ampla reformulação feita sob a liderança dos Estados Unidos, que se abstiveram na votação, assim como a Rússia. 

Após negociações acirradas, a resolução foi aprovada por 13 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções (Estados Unidos e Rússia). Ela “exige que todas as partes autorizem e facilitem a entrega imediata, segura e sem entraves de assistência humanitária em grande escala” e que sejam tomadas medidas a este respeito para "criar as condições para uma pausa duradoura dos conflitos". 

O texto exige ainda a utilização de “todas as vias de acesso e circulação disponíveis na Faixa de Gaza” para a entrega de combustível, alimentos e equipamento médico em todo o território.  

“Sabemos que não é um texto perfeito, sabemos que somente um cessar-fogo colocará fim ao sofrimento”, comentou a embaixadora dos Emirados Árabes Unidos Lana Zaki Nusseibeh, que participou da autoria. 

“Se não tomarmos medidas drásticas, haverá fome em Gaza”, e este texto “responde com ações à situação humanitária desesperadora do povo palestino”, acrescentou ela. 

"Verdadeiro problema"

O Secretário-geral da ONU, António Guterres, reagiu: “Um cessar-fogo humanitário é a única forma de começar a responder às necessidades do povo de Gaza e pôr fim ao seu pesadelo”. Ele acrescentou que “esperava” mais do Conselho de Segurança. 

Atacando diretamente Israel, Guterres disse que o “verdadeiro problema” para a entrega de ajuda a Gaza era a “ofensiva” israelense.  

Após a votação na ONU, Israel diz que continuará a inspecionar toda a ajuda humanitária a Gaza. 

A evolução do texto

Sob a ameaça de um novo veto americano, a resolução evoluiu no Conselho de Segurança desde a sua versão mais ambiciosa, proposta no domingo (17) pelos Emirados Árabes Unidos. A referência a uma “suspensão urgente e duradoura das hostilidades” presente no texto de domingo desapareceu, assim como o pedido menos direto, na versão seguinte, de uma “suspensão urgente das hostilidades”. 

Um pedido de alteração da Rússia, para que o texto voltasse a fazer um apelo à “suspensão urgente das hostilidades” foi bloqueado pelos Estados Unidos, recebendo 10 votos a favor e 4 abstenções. 

“Este é um momento trágico para o Conselho”, denunciou o embaixador russo Vassili Nebenzia, denunciando uma “chantagem” americana. 

Os membros do Conselho de Segurança queriam evitar um novo veto, no momento em que os habitantes da Faixa de Gaza são bombardeados pelas forças israelenses em retaliação ao ataque sangrento do Hamas em 7 de outubro. E agora estão ameaçados pela fome. 

A resolução do Conselho de Segurança deplora “todos os atos de terrorismo”, bem como “todos os ataques contra civis”, e exige a libertação “incondicional” de todos os reféns.  

Desde o início da guerra, o Conselho de Segurança tem sido amplamente criticado por sua inação.

O ataque do Hamas deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis em Israel. Desde então, o Exército prometeu “aniquilar” o grupo radical islâmico, bombardeando o território palestino, sitiado e sob uma vasta operação terrestre desde o dia 27 de outubro. 

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde do Hamas reportou 20.057 mortes desde o início dos bombardeios israelenses. As vítimas são principalmente mulheres, crianças e adolescentes. Os combates já deixaram mais de 50.000 feridos. 

(Com informações da AFP)

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