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Navalny reaparece em prisão no Ártico; opositor foi transferido às vésperas das eleições na Rússia

O oposicionista russo preso Alexei Navalny, cuja família não teve notícias dele por quase três semanas, reapareceu na segunda-feira (25) em uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, uma região isolada para onde ele foi transferido três meses antes da eleição presidencial, na qual Vladimir Putin irá concorrer.

 Nesta foto fornecida pelo Tribunal da Cidade de Moscou, o líder da oposição russa Alexei Navalny faz um gesto de coração em uma cela durante uma audiência, na Rússia, em 3 de fevereiro de 2021.
Nesta foto fornecida pelo Tribunal da Cidade de Moscou, o líder da oposição russa Alexei Navalny faz um gesto de coração em uma cela durante uma audiência, na Rússia, em 3 de fevereiro de 2021. AP
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Alexei Navalny, 47 anos, um carismático ativista anticorrupção e inimigo número um de Vladimir Putin, está cumprindo uma sentença de 19 anos de prisão por "extremismo". Ele foi preso em janeiro de 2021 ao retornar de um período de recuperação na Alemanha por tentativa de envenenamento, que ele atribui ao Kremlin. 

Navalny havia desaparecido no início de dezembro da colônia penal na região de Vladimir, 250km a leste de Moscou, onde estava preso até então, o que significava que provavelmente seria transferido para outro estabelecimento. 

"Encontramos Navalny. Ele está na colônia prisional número 3 na cidade de Kharp", disse sua porta-voz Kira Iarmych no X (antigo Twitter), indicando que o opositor "está bem" e que seu advogado o havia visitado na segunda-feira. 

Kharp, uma pequena cidade com uma população de cerca de 5 mil habitantes, está localizada em Yamalo-Nenetsia, uma região remota do norte da Rússia. Ela fica além do Círculo Polar Ártico e abriga várias colônias penais. 

De acordo com um de seus colaboradores próximos, Ivan Jdanov, essa é "uma das colônias mais ao norte e remotas" da Rússia. As condições lá são difíceis", explicou ele no X. 

"É muito difícil chegar lá e não há sistema de entrega de cartas ou acesso telefônico", acrescentou. 

Isolar Alexei 

De acordo com o veredito por "extremismo" contra Navalny, o opositor deve cumprir sua sentença em uma colônia de "regime especial", a categoria de estabelecimentos onde as condições de detenção são mais severas e que geralmente são reservadas para presos perpétuos e os mais perigosos. 

Uma destas colônias de "regime especial" está localizada em Kharp, a colônia número 18 "Coruja Polar", embora Navalny esteja atualmente detido em outra, na número 3, conforme divulgou Iarmych. 

Ivan Jdanov acrescentou: "Desde o início, ficou claro que as autoridades queriam isolar Alexei, principalmente antes da eleição presidencial" marcada para março de 2024. 

Preocupações internacionais

As transferências de uma colônia prisional para outra na Rússia geralmente levam várias semanas de viagem de trem com escalas, e as famílias dos prisioneiros ficam sem notícias durante esse período. Essa falta de notícias sobre o líder da oposição causou preocupação em várias capitais ocidentais e na ONU

A Casa Branca disse estar "muito preocupada" e exigiu novamente sua libertação. O movimento de Navalny foi metodicamente erradicado nos últimos anos pelas autoridades, levando seus colaboradores e aliados ao exílio ou à prisão. 

O Fundo Anticorrupção do opositor de Putin foi declarado "extremista" em 2021 e, na quinta-feira (21), as autoridades emitiram um aviso de procura para sua diretora, Maria Pevtchikh, que fugiu para o exterior. 

No início de dezembro, as autoridades russas apresentaram novas acusações de "vandalismo" contra o ativista anticorrupção, o que poderia acrescentar mais três anos à sua sentença. 

Diante de uma oposição esmagada e da repressão de todas as vozes críticas no país, Vladimir Putin está buscando um novo mandato de seis anos no Kremlin na eleição presidencial de março de 2024, um mandato que o levará até 2030, ano em que completará 78 anos. 

(Com informações da AFP)

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