Milei vai a Davos apresentar sua ‘revolução liberal’ em busca de investimentos para Argentina
Nesta terça-feira (16), o presidente argentino Javier Milei chega à Suíça para Fórum Econômico de Davos. A seguir, na quarta-feira (17), Milei deve expor aos líderes mundiais seu plano de desregulações econômicas, foco de toda a mudança contida em 1.040 medidas que ainda precisam passar pelo crivo do Congresso argentino. Com a apresentação de sua agenda de reformas liberais, ele visa atrair investimentos para seu país. Antes, porém, chefes de Estado e grandes investidores pretendem ver como as reformas avançam ainda sob a resistência do Congresso.
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires
“Temos a possibilidade e a obrigação de mostrar as mudanças que a Argentina está enfrentando. Teremos muitas reuniões com pessoas do mundo econômico, líderes e empresas. É importante que entendam o esforço que estamos fazendo através do pacote de leis, o que queremos fazer e como queremos fazer para atrair investimentos”, indicou aos jornalistas a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, no aeroporto, antes de embarcar para Davos.
Javier Milei não usou o avião oficial da presidência para a viagem. O argentino embarcou num voo comercial rumo a Frankfurt, na Alemanha, com escala em Zurique, na Suíça, de onde partirá à cidade de Davos. Milei embarcou acompanhado pela irmã, Karina Milei, que é secretária-geral da Presidência.
Da comitiva fazem parte ainda o ministro da Economia, Luis Caputo, o chefe do gabinete de ministros, Nicolás Posse, e a própria chanceler, Diana Mondino.
Mais de 60 pedidos de reuniões
Parte dos mais de 60 pedidos de entrevistas bilaterais de governo, fundos de investimentos e multinacionais será atendida pelos ministros. Em Davos, Milei terá duas reuniões bilaterais: com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, e com o presidente da França, Emmanuel Macron.
A estreia no Fórum Econômico de Davos vai acontecer na quarta-feira, durante o painel “Como conseguir segurança e cooperação num mundo fraturado”. Será durante essa dissertação, com duração prevista de 30 minutos, que Javier Milei vai apresentar aos líderes da economia global o seu plano de desregulação, de reformas estruturais e de ajuste fiscal de 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) argentino que pretende, em apenas um ano, reverter uma inflação galopante que fechou 2023 em 211,4%.
Ver para crer
No entanto, a necessidade de grandes investimentos, por parte do governo Milei, para facilitar o objetivo de déficit fiscal zero pode esbarrar em outra necessidade por parte das multinacionais: a de ver para crer. Os grandes investidores querem ver as ambiciosas reformas implementadas depois de passarem pelo Congresso, onde os governistas possuem menos de 15% dos deputados e menos de 10% dos senadores. Enquanto o governo mantém a postura de não ceder nos pontos centrais dos mais de mil artigos.
“Os investidores e as multinacionais vão querer escutar tanto por parte do presidente, Javier Milei, quanto do ministro da Economia, Luis Caputo, o que vão fazer com a economia. Esse público vai avaliar se o plano de estabilização é sério. Provavelmente, os empresários vão esperar que o plano se torne uma realidade e ver antes como funciona porque a Argentina está no fundo da tabela de confiabilidade devido ao comportamento geral dos governos com a administração da economia”, aponta o analista político argentino Marcos Novaro.
Outra avaliação por parte de governos e empresários é sobre a relação entre dogmas e pragmatismo por parte do presidente argentino. Na sua exposição, Javier Milei pretende fazer uma defesa do capitalismo e abordar o avanço do socialismo que ele associa a agenda argentina de 2023 - e sobre a qual ele mantém uma postura crítica - adversa à tendência das grandes potências de lutar contra as mudanças climáticas.
“O novo governo argentino tem gerado o interesse das potências do mundo porque entendem que voltamos a abraçar as ideias da liberdade e a respeitar o sistema capitalista”, defendeu Manuel Adorni, porta-voz da Presidência argentina.
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