Conselho de Segurança da ONU adota primeira resolução exigindo cessar-fogo imediato em Gaza
Depois de mais de cinco meses de guerra, o Conselho de Segurança da ONU adotou nesta segunda-feira (25) uma resolução exigindo um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza. A iniciativa havia sido bloqueada várias vezes pelos Estados Unidos. Desta vez os americanos se abstiveram, aumentando a pressão sobre seu aliado israelense.
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A resolução adotada sob aplausos por 14 votos a favor e uma abstenção, "exige um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadã" – que já começou há duas semanas. A iniciativa deverá "conduzir a um cessar-fogo duradouro", e "exige a libertação imediata e incondicional de todos os reféns".
"Durante cinco meses, o povo palestino sofreu terrivelmente. Este banho de sangue continuou durante muito tempo. É nossa obrigação colocar fim a ele. Finalmente, o Conselho de Segurança está assumindo suas responsabilidades", saudou o embaixador argelino Amar Bendjama, ainda que as resoluções vinculativas do Conselho sejam regularmente ignoradas pelos Estados envolvidos.
Ao contrário do texto americano rejeitado sexta-feira (22) pelos vetos russo e chinês, a resolução não vincula estes pedidos aos esforços diplomáticos do Catar, dos Estados Unidos e do Egito, mesmo que "reconheça" a existência destas negociações que visam uma trégua acompanhada de uma troca de reféns e prisioneiros palestinos.
Na sexta-feira, a Rússia e a China vetaram um projeto de resolução americana que enfatizava a “necessidade” de um “cessar-fogo imediato” em Gaza, no âmbito das negociações para a libertação dos reféns capturados durante o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
Alguns observadores consideraram a adoção como uma evolução substancial na posição de Washington, sob pressão para limitar seu apoio a Israel, enquanto a ofensiva israelense deixou mais de 32.000 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Negociações com EUA
Mas a iniciativa americana rejeitada não pedia explicitamente a um cessar-fogo imediato, utilizando palavras consideradas ambíguas pelos países árabes, China e Rússia, que denunciaram o “espetáculo hipócrita” dos Estados Unidos.
A resolução adotada nesta segunda-feira resultou do trabalho dos membros não permanentes do Conselho, que negociaram durante todo o fim de semana com os Estados Unidos para tentar evitar outro fracasso, segundo fontes diplomáticas. O texto também faz um apelo à “remoção de todos os obstáculos” à ajuda humanitária.
O Conselho de Segurança da ONU está há anos dividido sobre a questão israelo-palestina. Desde o último 7 de outubro, apenas duas resoluções das oito submetidas à votação sobre a Faixa de Gaza, essencialmente humanitárias, foram aprovadas. Sem grandes resultados, depois de cinco meses e meio de guerra, a entrada de ajuda no enclave sitiado continua em grande parte insuficiente. Segundo as Nações Unidas, 1,1 milhão de pessoas sofrem com a escassez de alimentos no território.
A nova resolução condena também “todos os atos terroristas”, mas sem mencionar os ataques do Hamas de 7 de outubro, que resultaram na morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo dados oficiais israelenses. Do lado palestino, o balanço de vítimas está em 32.226 óbitos.
Nenhuma resolução adotada pelo Conselho ou pela Assembleia Geral da ONU desde 7 de outubro condenou especificamente o Hamas, uma ausência sistematicamente criticada por Israel.
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