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Negociações para trégua em Gaza saem do “ponto morto” e Hamas avalia proposta de forma “positiva”

O Hamas está analisando “de maneira positiva” uma proposta de trégua de Israel vinculada à libertação de reféns na Faixa de Gaza, segundo o líder do grupo, Ismail Haniyeh. Nesta sexta-feira (3), novos ataques israelenses atingiram a região de Rafah, no sul do enclave.

Imagem da fronteira de Israel com a Faiza de Gaza
Imagem da fronteira de Israel com a Faiza de Gaza AP - Leo Correa
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A proposta mediada pelo Catar, Egito e Estados Unidos inclui uma pausa de 40 dias nos combates, disse o representante do Hamas nesta quinta-feira, após uma conversa telefônica com o chefe da agência de inteligência egípcia, Abbas Kamel.

Haniyeh "confirmou" que uma delegação do movimento Hamas visitará o Egito "em breve" para concluir as negociações sobre um possível acordo que "atenda às demandas do povo" e "ponha fim à agressão".

O líder do Hamas, que é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, também conversou com o ministro das Relações Exteriores do Catar, e reiterou sua intenção de "chegar a um acordo".

O movimento islâmico palestino, que está no controle da Faixa de Gaza desde 2007, mantém as suas exigências, que incluem um cessar-fogo permanente, que vem sendo recusado por Israel.

Ofensiva em Rafah 

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chamou a proposta de trégua de Israel de "generosa" durante uma nova visita à região nesta semana.  

Ele também pediu ao governo israelense que abandone o projeto de ofensiva terrestre na cidade de Rafah, no extremo sul do enclave, onde um milhão e meio de palestinos deslocados pela guerra estão acampados.

"Faremos o que for necessário para vencer e derrotar nosso inimigo, inclusive em Rafah", reiterou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nesta quinta-feira, reafirmando sua intenção de lançar a ofensiva "com ou sem acordo" de trégua.  

O Exército israelense disse que implementará um plano para proteger civis antes de qualquer operação, incluindo a instalação de um hospital de campanha. Mas Rik Peeperkorn, representante da OMS para os territórios palestinos, disse que essas garantias não seriam suficientes para evitar uma carnificina.

"Se tivermos que nos defender sozinhos, nos defenderemos sozinhos", disse o primeiro-ministro israelense. 

Bloqueio nos esforços de paz

Hossam Badran, representantes do Hamas, reagiu às declarações de Netanyahu acusando o premiê de tentar torpedear os esforços em busca de uma trégua na guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino na Faixa de Gaza. “Netanyahu tem sido o elemento que bloqueou todas as rodadas anteriores de diálogo ou negociação, e está claro que ele continua sendo”, disse Badran à AFP por telefone. “Ele não está interessado em um acordo e, por isso, está fazendo declarações na mídia para frustrar os esforços em andamento”, completou.

Em 7 de outubro, um ataque do Hamas no sul de Israel resultou na morte de 1.170 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. Além disso, mais de 250 pessoas foram raptadas e 129 permanecem presas em Gaza e 35 já morreram, após o anúncio de uma nova morte.   

O governo israelense confirmou nesta sexta-feira a morte do refém Dror Or, de 49 anos. Seus dois filhos, que também foram sequestrados no ataque do Hamas em 7 de outubro, foram libertados no final de novembro durante a primeira trégua entre Israel e o Hamas.

Mobilização contra guerra cresce em vários países

A mobilização aumenta em alguns países contra Israel. Além das manifestações nos campus das principais universidades dos Estados Unidos, Canadá ou França, incluindo a Sciences Po Paris, a Colômbia, em Nova York, anunciou na quarta-feira a interrupção dos laços diplomáticos com Israel. A Turquia também suspendeu suas relações comerciais com o país na quinta-feira.

As autoridades israelenses temem uma possível acusação do Tribunal Penal Internacional (TPI), que é contestado por seu aliado americano. Em quase sete meses de guerra, centenas de habitantes de Gaza foram presos pelo Exército israelense. Dois prisioneiros, incluindo um médico do Hospital al-Shifa, teriam morrido na prisão.

Um deles era o médico Adnan Ahmed Atiya al-Bourch, de 50 anos, chefe do departamento de ortopedia do Hospital al-Shifa. De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, até agora 492 profissionais de saúde morreram desde o início da guerra.

O Exército israelense disse à agência AFP que "não está a par dessas informações”. Além do custo humano, a reconstrução de Gaza deverá custar entre US$  30 mil milhões e 40 mil milhões, estimou esta quinta-feira o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).    

"Esta é uma missão que a comunidade internacional não enfrenta desde a Segunda Guerra Mundial", disse Abdallah al-Dardari, diretor do escritório regional do PNUD para os Estados árabes.

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou nesta sexta-feira um novo número de 34.622 mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino. Em 24 horas, pelo menos mais 26 mortes foram registradas, de acordo com um comunicado do ministério, que relatou 77.867 feridos em mais de 200 dias de guerra.

Com informações da AFP

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