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Na iminência de um ataque à Rafah, Israel retira 100 mil pessoas do sul da Faixa de Gaza

Israel começou a evacuar nesta segunda-feira (6) cerca de 100 mil pessoas do leste da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde o Exército prepara uma ofensiva na guerra contra o Hamas. A cidade abriga 1,2 milhão de palestinos, segundo a ONU, a maioria pessoas deslocadas que fugiram dos conflitos mais ao norte. De acordo com o governo israelense, será uma operação "limitada".  

Palestinos diante dos escombros de um edifício após bombardeio israelense em Rafah, em 6 de maio de 2024.
Palestinos diante dos escombros de um edifício após bombardeio israelense em Rafah, em 6 de maio de 2024. © AFP
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem anunciado há semanas sobre essa ofensiva contra Rafah, que segundo ele é o último grande bastião do movimento islâmico no território palestino.

“Iniciamos uma operação de escala limitada para evacuar temporariamente as pessoas que residem no leste de Rafah”, disse um porta-voz do Exército nesta segunda-feira, repetindo: “Esta é uma operação de escala limitada”. A mesma fonte acrescentou que o número de pessoas afetadas é de “cerca de 100 mil imediatamente”. 

Benjamin Netanyahu havia prometido lançar esta ofensiva independentemente do resultado das discussões em busca de uma trégua, com ajuda dos países mediadores, para tentar impor um cessar-fogo associado à libertação dos reféns detidos em Gaza. 

Sem acordo 

Durante o fim de semana, essas conversações no Cairo esbarraram na intransigência de ambos os lados. O Hamas continua exigido um cessar-fogo definitivo, enquanto Israel promete destruir o movimento islâmico, que em 7 de outubro realizou um ataque sem precedentes em solo israelense, dando início à guerra. 

Temendo um banho de sangue entre os civis, organizações internacionais e governos de diversos países se opõem à anunciada operação em Rafah, que Israel afirma ser essencial para exterminar os últimos batalhões do Hamas.    

No domingo (5), Benjamin Netanyahu reafirmou que Israel não podia “aceitar” as exigências do Hamas. O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, radicado no Catar, acusou Netanyahu de “sabotar os esforços dos mediadores”.  

A proposta dos países mediadores, Catar, Egito e Estados Unidos, apresentada ao Hamas no final de abril, prevê uma trégua associada à libertação de reféns que continuam na Faixa de Gaza, em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel. Mas um responsável do Hamas disse, no domingo, que o movimento “em nenhuma circunstância aceitaria um acordo que não preveja explicitamente o fim da guerra”. 

A delegação do Hamas no Cairo partiu na noite de domingo para Doha, mas deve regressar ao Egito na terça-feira (7) "para concluir as negociações", segundo um meio de comunicação próximo da inteligência egípcia, Al-Qahera News. 

Aviso para sair e mapa 

Nesta segunda-feira, um residente de Rafah disse à AFP que alguns moradores receberam mensagens de voz nos seus telefones com orientações para deixarem Rafah, acompanhadas de mensagens de texto com um mapa informando os locais para onde deveriam ir. 

O Exército tinha anunciado anteriormente "encorajar os habitantes do leste de Rafah a avançarem para as zonas humanitárias", especificando que "os apelos para se deslocarem temporariamente seriam feitos por meio de folhetos, SMS, chamadas telefônicas e mensagens em árabe nos meios de comunicação social". 

Israel garantiu ter “ampliado a zona humanitária em al-Mawasi”, a cerca de dez quilômetros de Rafah, onde estão instalados “hospitais de campanha, tendas e um volume crescente de alimentos, água, medicamentos e outros”. 

“Este plano de evacuação visa manter os civis longe do perigo”, disse o porta-voz do Exército. “O nosso objetivo é combater o Hamas, não o povo de Gaza. E é por isso que estamos realizando esta evacuação temporária específica”, completa. 

Durante a noite, no entanto, o Exército bombardeou Rafah, matando 16 pessoas de duas famílias. As equipes de resgate relataram nove mortes na família Al Attar e outras sete na família Keshta. 

“Ontem, neste momento, estávamos muito otimistas e esperávamos o anúncio de um cessar-fogo. Hoje, estamos no limite”, disse à AFP outro morador de Rafah, de 59 anos, no domingo. 

Pouco antes, o Exército israelense informou à AFP que três soldados haviam sido mortos e outros 12 feridos, no domingo, por foguetes disparados pelo braço armado do Hamas em torno de Kerem Shalom, o principal ponto de passagem da ajuda humanitária de Israel para a Faixa de Gaza. 

As brigadas Ezzedine al-Qassam assumiram a responsabilidade pelo ataque, o que levou Israel a fechar a passagem usada para entregar ajuda a Gaza. 

O Exército israelense informou na manhã desta segunda-feira na rede social X que havia interceptado um “drone inimigo voando em direção a Israel”. 

(Com AFP)

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