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A Semana na Imprensa

Chegamos ao marco de 8 bilhões de pessoas na Terra: e agora?

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O que já havia sido anunciado em meados deste ano pela ONU vai se concretizar: o mundo vai chegar aos 8 bilhões de habitantes nesta terça-feira (15). As revistas francesas desta semana se debruçam sobre este assunto sob diversos aspectos, com ênfase nas visões opostas: os que acreditam que os seres humanos são um fardo para o planeta e os que veem o crescimento de forma positiva, ressaltando os progressos da ciência que nos permitiram obter este novo recorde. 

Oito bilhões de pessoas em um planeta com recursos limitados
Oito bilhões de pessoas em um planeta com recursos limitados AFP - ARUN SANKAR
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A revista L'Express cita um estudo internacional realizado pelo instituto de pesquisas Ifop para a Fundação Jean-Jaurès em 2020, que aponta que 65% dos franceses, 56% dos britânicos e 52% dos americanos acreditam que “a civilização como a conhecemos hoje entrará em colapso nos próximos anos".

Autor de livros sobre o tema e conselheiro da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do Senado francês, Antoine Buéno, entrevistado pela L'Express, está a meio caminho entre os que ele chama de colapsologistas e os tecno-otimistas.

No artigo "O colapso do mundo provavelmente não acontecerá", o futurólogo examina os possíveis cenários de uma catástrofe: aquecimento global, escassez de recursos, crise alimentar, estresse hídrico etc. "Temos que nos afastar da ideologia e do maniqueísmo. Por um lado, você tem colapsologistas e sobreviventes para quem o colapso é quase uma profissão de fé. Por outro lado, pessoas que gritam assim que pronunciamos a palavra 'colapso', sejam eles transumanistas que acreditam na tecnologia, ou liberais mais focados nas forças do mercado, e que podem ser agrupados sob o rótulo de 'neopositivistas'", explica.

"Já somos muitos em relação ao que o planeta pode suportar", disse à revista L'Obs Alice Rallier, 44 anos, integrante da "Demografia Responsável", associação francesa ecológica e pró-redução de natalidade, que faz campanha pela "estabilização e pela lenta redução da população humana".

Esta ideia é reforçada por diversos estudiosos que dizem que a melhor maneira de reduzir a pegada de carbono é ter menos filhos, como Kiberly Nicholas, pesquisadora ambiental da Universidade de Lund, na Suécia, que publicou um estudo sobre o tema. "Se uma família americana optar por ter menos filhos, ela contribuirá no mesmo nível para reduzir as emissões de CO2 que 684 adolescentes que decidam reciclar sistematicamente o seu lixo até o fim de suas vidas", conclui o estudo, que ficou famoso em 2017. Fica claro que os modos de vida e de consumo são mais importantes que a redução em si. 

Enquanto, na L'Obs, jovens e adultos de diferentes gerações contam que, por razões ecológicas, optaram por não ter filhos, o pesquisador e escritor Antoine Bueno, na L'Express, descarta a redução da natalidade como uma solução duradoura para a crise ambiental.

Lembrando que o crescimento econômico tem sido a melhor ferramenta para aumentar o padrão de vida da humanidade, ele acredita que diminuir voluntariamente a população não é uma opção crível do ponto de vista econômico.

“Em termos concretos, se um país como a França optasse pela redução, isso significaria que não teria mais meios de financiamento ou motivos para empreender e investir. Seria uma catástrofe social. Os que pregam a redução nos explicam que podemos contar com a redistribuição. Mas, quanto menos riqueza produzimos, menos podemos redistribuir", disse Bueno. Resta, então, a aposta do crescimento sustentável.

Ativismo foi longe demais?

A revista Le Point aborda na capa o tema dos "ecologistas ultrarradicais": "Até onde vai a violência?", questiona a publicação, referindo-se desde ataques a obras de arte para chamar a atenção para as mudanças climáticas até a agressão de militantes a policiais e outros que tentam impedir suas manifestações em prol da ecologia. 

Por fim, L'Express, que também traz na capa os militantes ecologistas, aborda o tema com a questão "Até onde pode levar uma causa justa?".

A reportagem investigou grupos que são formados para bloquear estradas, furar pneus de carros poluentes, borrifar sopa em pinturas de mestres, sabotar canos, colidir com as forças da ordem. Essas ações, reivindicadas sob o nome de "desobediência civil", chamam a atenção, "mas elas ainda são eficazes?", questiona a revista.

O risco, alerta a reportagem, é desagradar parte da opinião da causa ambiental, que, no entanto, merece que toda a atenção e ação, para que possamos mudar o modelo de sociedade.

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