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Linha Direta

Biden e Lula defendem democracia, mas divergem sobre guerra na Ucrânia, aponta especialista

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O presidente Lula deve ter uma sexta-feira (10) cheia pela frente, em seu segundo dia de visita oficial aos Estados Unidos. O chefe de Estado brasileiro recebe já pela manhã, na Blair House, onde está hospedado em Washington, o senador democrata Bernie Sanders, deputados, além de representantes da maior central sindical americana, antes de se encontrar com o presidente Joe Biden. Mesmo se os dois chefes de Estado concordam sobre a defesa de democracia e questões ligadas ao meio ambiente, os líderes divergem sobre a guerra na Ucrânia.

Lula se reúne com Joe Biden em Washington, onde devem falar sobre a defesa da democracia e do meio ambiente, mesmo se divergem sobre a maneira de tratar a questão da guerra na Ucrânia.
Lula se reúne com Joe Biden em Washington, onde devem falar sobre a defesa da democracia e do meio ambiente, mesmo se divergem sobre a maneira de tratar a questão da guerra na Ucrânia. AP - Eraldo Peres
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Com informações de Heloisa Villela, correspondente da RFI nos Estados Unidos, e Justine Fontaine

Bernie Sanders, que já foi candidato duas vezes à presidência, lidera o grupo de políticos americanos que elaborou e enviou a Biden uma carta pedindo a revisão do visto do ex-presidente Jair Bolsonaro, para que ele não possa permanecer nos Estados Unidos.

Depois da visita do senador, um grupo de deputados americanos também se encontra com Lula, que termina a manhã em uma conversa com representantes da maior central sindical dos Estados Unidos, a AFL-CIO.

O governo brasileiro não divulgou a agenda desses encontros, mas antecipou algumas pautas que devem nortear o principal encontro do dia, com o presidente Biden. A crise climática, por exemplo, deve ocupar o centro dessa primeira reunião entre os dois líderes, que pretende reaquecer as relações bilaterais de Brasil e EUA.

Em 2024, Brasil e Estados Unidos comemoram 200 anos de relações diplomáticas, que se tornaram um tanto distantes durante o recente governo brasileiro. Jair Bolsonaro foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden nas urnas, criando um grande mal-estar na relação entre os dois países.

“A questão da defesa da democracia e a questão ambiental são os temas de convergência que serão colocados em evidência durante essa visita de Lula Washington", resume a historiadora francesa Anaïs Flechet, especializada em Brasil. "Mas há um assunto em que há mais tensões, que é a questão da guerra na Ucrânia. Pois Lula pretende apresentar a Biden seu 'clube da paz', [entidade] que visa reunir algumas potências, como a Índia e a China, em um grupo que poderia permitir uma retomada de negociações visando uma saída da crise na Ucrânia", explica.

Para a especialista, é nesse ponto que se mostra toda a ambiguidade do presidente brasileiro com relação à guerra na Ucrânia. "Por um lado, ele [Lula] disse publicamente que a Rússia agrediu a Ucrânia e deve ser condenada por isso, mas, por outro, o Brasil se recusa a intervir direta ou indiretamente na guerra. Essa é uma posição bastante diferente da dos Estados Unidos sobre o assunto, e esse será certamente um dos pontos de discussão importantes entre Biden e Lula”, ela completa.

Questão ambiental

A questão ambiental foi outro elemento que acentuou o afastamento diplomático entre os dois países nos últimos anos, e também deve permear as conversas entre os dois presidentes. Durante o governo passado, a destruição da Amazônia disparou. Recentemente, o mundo acompanhou, chocado, a divulgação de imagens das condições de saúde dos povos Yanomami. Na chegada de Lula à Blair House, uma brasileira empunhava dois cartazes agradecendo ao presidente por ter se mobilizado para proteger essas populações indígenas.

Lula chega na Blair House, onde ficará hospedado durante visita aos Estados Unidos
Lula chega na Blair House, onde ficará hospedado durante visita aos Estados Unidos REUTERS - LEAH MILLIS

Com isso, o governo brasileiro deve enfatizar as mudanças de objetivos e de metas nesta área em relação à última gestão, uma abordagem já iniciada durante a participação de Lula na COP27, quando o presidente brasileiro se reuniu com o encarregado de Meio Ambiente dos Estados Unidos, John Kerry.

Por outro lado, esta também pode ser a oportunidade para Lula lembrar os países desenvolvidos dos compromissos assumidos com o financiamento da proteção das florestas. O chefe de Estado brasileiro já declarou também sua intenção de coordenar um trabalho com todos os países amazônicos para proteger o meio ambiente.

Um funcionário da Casa Branca informou que o governo americano tem a firme intenção de investir na proteção da Amazônia. Ele disse que um comunicado conjunto será publicado após o encontro de Lula e Biden.

Uma hora de encontro

A reunião dos dois presidentes na Casa Branca está prevista para as 15h30 locais, e, apesar das grandes expectativas, não deve exceder uma hora de duração. Estarão presentes na visita à Casa Branca o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o assessor especial da Presidência, embaixador Celso Amorim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a ministra da Igualdade Social, Aniele Franco, e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Comercial, Marcio Elias Rosa.

Enquanto isso, as primeiras-damas do Brasil, Janja, e dos Estados Unidos, Jill Biden, se encontram para um chá.

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