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O Mundo Agora

Trump ameaça a Otan e coloca a Europa em alerta

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Em uma demonstração do que só pode ser descrito como uma aula de imprudência diplomática, Donald J. Trump, o ex-presidente dos EUA que aspira retornar à Casa Branca, mais uma vez conseguiu deixar a comunidade global boquiaberta. Desta vez, sugerindo que prefere sacrificar o compromisso de defesa coletiva da Otan, se isso atender aos seus caprichos.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, candidato republicano à presidência, discursa em um comício de campanha na Carolina do Sul, EUA. Em 10 de fevereiro de 2024. REUTERS/Sam Wolfe
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, candidato republicano à presidência, discursa em um comício de campanha na Carolina do Sul, EUA. Em 10 de fevereiro de 2024. REUTERS/Sam Wolfe © Sam Wolfe / Reuters
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Thiago de Aragão, de Washington

Em um comício recente, Trump propôs, de maneira descompromissada, dar à Rússia luz verde para "fazer o que bem entender" com os países da Otan que não abrem suas carteiras o suficiente, virando as costas efetivamente para décadas de compromissos dos EUA em apoiar seus aliados. Essa nova abordagem da política externa bem que poderia enviar o delicado equilíbrio da diplomacia global para fora de seu eixo.

Jens Stoltenberg, o Secretário-Geral da Otan, juntamente com um coro de líderes globais e a própria Casa Branca, foram rápidos em condenar as declarações de Trump, classificando-as de "terríveis" a "desconexas". Parece que a disposição de Trump para arriscar a segurança global em favor de ganhar pontos políticos não passou despercebida. Sua visão transacional das alianças internacionais — reduzindo a complexa dança da política global a meros sinais de dólar — demonstra um profundo mal entendido tanto do conceito de segurança coletiva quanto da importância estratégica da unidade, conforme delineado no Artigo 5 do tratado da Otan.

Em um momento em que a Otan está ampliando seus horizontes para lidar com ameaças da China e fortalecer laços com nações no Indo-Pacífico, a retórica divisiva de Trump não poderia estar mais deslocada. Ela ameaça minar a confiança e cooperação cruciais para enfrentar tudo, desde a agressão russa até os desafios estratégicos impostos pela China. Além disso, à medida que a Otan se solidariza com a Ucrânia contra a invasão russa, a atitude despreocupada de Trump em relação aos princípios fundamentais da aliança encoraja agressores e sinaliza uma potencial fratura na frente unida da Otan — uma perspectiva tão alarmante quanto perigosa.

Resumindo, a mais recente incursão de Trump na política externa parece menos uma estratégia bem pensada e mais uma aposta de alto risco com a segurança do mundo inteiro. É um lembrete contundente de que o mundo poderia dispensar um líder cuja ideia de construção de alianças é semelhante a escolher times em um jogo de escola, com pouca consideração pelas consequências. À medida que o mundo enfrenta desafios sem precedentes, a importância de alianças sólidas como a Otan, construídas sobre o suporte e defesa mútuos, nunca foi tão clara.

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