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Rendez-vous cultural

Festivais de cinema na França mostram diversidade e vigor do cinema brasileiro de ontem e hoje

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Dois festivais de cinema na França destacam o cinema brasileiro neste mês de março. Um é o Reflets du cinema brésilien, que acontece em Mayenne, no oeste da França. O segundo, abrangendo produções do cinema ibérico e latino-americano, acontece em Villeurbanne, no sudeste do país.  

Cartaz francês de "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos", dirigido pelo português João Salaviza e pela brasileira Renée Nader Messora
Cartaz francês de "Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos", dirigido pelo português João Salaviza e pela brasileira Renée Nader Messora © Divulgação
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O festival de Mayenne traz mais de 40 longas, entre ficções, animações, documentários e filmes experimentais, além de curtas. “A ideia foi explorar o cinema brasileiro através de diferentes regiões, pois o Brasil é quase um continente. E, portanto, trazer à tona a voz dos cineastas. Ou seja, mostrar os diferentes cinemas brasileiros, tentar fazer um inventário da produção atual, com toda modéstia, mostrando a qualidade e a diversidade do cinema brasileiro hoje”, explica Wilfried Jude, diretor artístico da associação Atmosphèeres 53, organizadora do festival. 

O filme de estreia, na semana passada em Mayenne, foi "Medida Provisória", uma ficção distópica assinada por Lázaro Ramos. A história se passa num Rio de Janeiro do futuro, sob um regime autoritário, quando um decreto obriga os negros brasileiros a voltar para a África.  

“Escolhi o filme porque o tema ressoa muito na França e no mundo contemporâneo. ‘Medida Provisória’ deve ser mostrado porque tem roteiro muito forte, explorando os perigos que podem estar à espreita em qualquer lugar. Gostamos de mostrar filmes que sejam combativos e que denunciem os excessos autoritários por parte de certos governos”, explica Jude. 

“Todos os Mortos”, longa dirigido por Caetano Gotardo e Marcos Dutra, vai ser o filme de encerramento do festival, no próximo domingo (19). A trama acontece no Brasil pouco após a abolição da escravidão, numa reflexão social sobre estigmas que permanecem até hoje.  

Clássicos 

Entre os 40 longas, há clássicos seminais como “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, além de “Pixote, a lei do mais fraco”, de Hector Babenco, e “Iracema, Uma Transa Amazônica”, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna.  

“Eu queria mostrar filmes também para o cinéfilo ou mesmo para quem quer conhecer um pouco mais”, explica o programador. “Porque o cinema brasileiro contemporâneo também é herdeiro desses grandes cineastas brasileiros que trabalharam dos anos 1960 aos anos 1980”, acrescenta.  

Combate

"Chuva é cantoria na aldeia dos mortos", de João Salaviza e Renée Nader Messora, ganhou o prêmio da crítica da mostra Um Certo Olhar de 2018, em Cannes. Representantes da tribo Krahô foram os protagonistas do filme, uma alegoria sobre a preservação de tradições e ingerência exterior. A RFI conversou com os diretores e os atores indígenas em Cannes

 

 

“Rio de Vozes”, dos documentaristas Andrea Santana e Jean-Pierre Duret, está na seleção dedicada a filmes com temáticas de rios e florestas. “É um filme sobre os ribeirinhos e ribeirinhas do Rio São Francisco”, explica Santana. “São pessoas que lutam diariamente para viver de forma digna no lugar que, acima de tudo, elas amam. O Rio São Francisco é a vida deles, é como uma mãe. É o rio que dá a água que eles bebem, os peixes que eles comem, que molha as terras onde cultivam o que precisam para viver. Eles sabem que se perderem o rio, vão perder tudo”, explicou a cineasta à RFI, durante o Cinélatino de Toulouse.

Já o festival ibérico e latino de Villeurbanne, entre mais de 40 longas, traz os filmes brasileiros “Deserto Particular”, de Aly Muritiba, “Fogaréu”, de Flávia Neves, “Paloma”, de Marcelo Gomes, “Regra 34”, de Júlia Murat, e “Tinnitus”, de Gregório Graziosi. O evento acontece até o dia 28 de março. 

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